A primeira noite do Grupo Especial foi ameaçada pela forte chuva que caiu na Cidade algumas horas antes do espetáculo. Contudo, os desfiles ocorreram majoritariamente sem chuva, com uma garoa um pouco mais forte apenas na apresentação da Império Serrano.
Os imperianos fizeram um desfile alegre, animado, com muita garra e bastante acelerado, com alegorias e fantasias que resistiram razoavelmente à chuva. O enredo pareceu um pouco solto e muito baseado nos versos da música de Gonzaguinha que virou samba-enredo, mas a escola fez uma apresentação digna. Por outro lado, na comparação com as demais, fica claro que o Império Serrano deve infelizmente estar na parte de baixo da tabela, porém com chances de ficar no Especial.
A Viradouro teve um desfile grandioso, típico do estilo Paulo Barros. A apresentação da escola de Niterói impressionou e animou o público. Daí a aclamação do carnavalesco que veio dançando ao final. Como o carnaval deve ter enredo com começo, meio e fim, a visão ampla de Barros sobre o tema das magias e mitos dependerá da avaliação dos jurados. Belas alegorias e boa técnica, com harmonia correta e canto alto dos integrantes e da arquibancada, além de mais um show do intérprete Zé Paulo Sierra. A Viradouro conseguiu a proeza de subir do grupo de acesso direto para se candidatar ao título.
Já a Grande Rio, que prometia um enredo irreverente, ironizando o jeitinho brasileiro, fez uma apresentação morna, que não empolgou nem mesmo os componentes. As alegorias destoavam entre si, com algumas belíssimas e outras de nível intermediário. Curiosamente, a escola de Caxias trouxe um carro onde a vida era representada como jogo de xadrez, mesmo conceito usado pelo Império Serrano.
O Salgueiro fez uma apresentação boa e interessante, se destacando em alguns quesitos. O enredo sobre Xangô começou forte e o bom samba funcionou na Avenida. Contudo, o rendimento diminuiu no final, as alegorias tiveram problemas de acabamento e a escola acelerou no final para cumprir o tempo. O Salgueiro não tem com o que se preocupar com relação à tabela, mas esses detalhes devem fazer com que não dispute o título. Destaque para Viviane Araújo, rainha de bateria que mais levantou o público.
A Beija-Flor fez um desfile com pontos positivos, mas um pouco burocrático no geral. A escola de Nilópolis está acostumada a disputar as primeiras posições e pode conseguir compensar os problemas em seus quesitos fortes, mas não repetiu a perfeição de outrora. Talvez Laíla tenha feito falta e Neguinho da Beija-Flor cada vez mais usa o apoio dos demais intérpretes presentes no carro de som.
A Imperatriz Leopoldinense fez um desfile alegre e com boas ideias sobre como explorar o enredo sobre o dinheiro. Contudo, teve erros de evolução e um tripé previsto no roteiro do desfile não entrou na Avenida. A escola de Ramos terá muita dificuldade para estar nas campeãs se as agremiações de segunda forem razoavelmente bem.
Por fim, a Unidos da Tijuca apresentou um desfile que deixou clara a mão de Laíla nos preparativos e na execução. A escola do Borel não foi perfeita, mas fez um excelente desfile, já com o dia claro. As alegorias e fantasias chamaram a atenção pelo acabamento e detalhismo e o enredo sobre pão foi tratado com criatividade. Com uma harmonia elogiável, a escola pode sonhar com o título e se credenciou para as primeiras colocações.