A segunda noite de desfiles na Sapucaí teve nível mais alto do que a primeira, talvez por não ter tido qualquer impacto da chuva ou por ter sido um dia com apresentações que animaram mais o público, gerando interação entre componentes e arquibancada.
A São Clemente teve um enredo de sátira, alas irônicas e passagem leve. Criticando o quanto o Carnaval se tornou comercial nos últimos tempos, a escola fez um desfile divertido, corajoso em alguns momentos, mas que não teve a qualidade de alegorias e fantasias de outras escolas. O desfile de bom nível da São Clemente faz com que dificilmente a Império Serrano fique no Grupo Especial e acende o alerta na quadra da Imperatriz.
A Vila Isabel fez uma apresentação mais densa, com suntuosidade nas alegorias e fantasias e alas históricas. A escola do bairro de Noel desfilou com um visual belíssimo e logo chamou a atenção pelo seu luxo. Um desfile que tinha tudo para trazer grandes perspectivas foi prejudicado de certa forma justamente por sua grandiosidade. A escola se apresentou um pouco pesada e teve que correr no final para tentar encerrar o desfile no tempo. Mesmo assim não conseguiu e perderá 1 décimo por estourar o limite de 75 minutos. A agremiação deve perder pontos em evolução e o samba não empolgou nem um pouco, porém, o alto nível do desfile a coloca como candidata ao título, principalmente se compensar os eventuais descontos com notas máximas em outros quesitos.
A Portela entrou na Avenida como uma das favoritas às primeiras colocações e fez um bom desfile, compacto, com harmonia correta e com um belo trabalho de Rosa Magalhães no desenvolvimento do enredo sobre Clara Nunes, que emocionou os portelenses. Com alas bonitas visualmente, a apresentação dos portelenses poderia ter tido acabamento melhor nas alegorias, mas de toda forma a águia se credencia a sonhar com as primeiras posições.
Já a União da Ilha fez um desfile alegre, com belo trabalho da bateria e do intérprete Ito Melodia e que não apresentou muitas falhas. Falando sobre Rachel de Queiroz, José de Alencar e o Ceará ao mesmo tempo, em alguns trechos o enredo pareceu confuso, mas não no geral. A União da Ilha não se comprometeu e deve ter posição intermediária, podendo até mirar nas campeãs.
A Mangueira foi a melhor do dia, fazendo um desfile guerreiro e de consciência social com bom enredo, samba forte, alegorias bonitas e raríssimos erros em quesitos. O público apoiou bastante das arquibancadas e cantou o samba, considerado o melhor do ano por muitos especialistas. A escola veio um pouco curta e reduziu o ritmo no fim para cumprir o tempo mínimo de desfile. Não se sabe se será significativo para os jurados. Definitivamente candidata ao título.
A Tuiuti começou muito bem, com um desempenho elogiável, mas ao final do desfile se constatou que não será possível repetir o vice- campeonato de 2018 ou buscar o título. Problemas em alegorias não só tirarão pontos como também atrasaram a apresentação e assim prejudicaram a evolução. Se conseguir compensar os pontos perdidos ao ir muito bem nos quesitos onde acertou, quem sabe chega nas campeãs.
A Mocidade independente de Padre Miguel fechou o Grupo Especial com um desfile que, embora já de manhã cedo, teve animação dos componentes e boa relação com o público. O samba funcionou bem e o acabamento do conjunto de alegorias foi o calcanhar de Aquiles da escola, principalmente no caso do último carro. Deve disputar posições intermediárias e pode tentar beliscar espaço nas campeãs.
Assista o vídeo com Bruno Kazuhiro fazendo a análise completa: