André Luiz Pereira Nunes: As décadas derradeiras do Andaraí – Parte 3 (1947 a 1949)

Colunista do DIÁRIO DO RIO conta a história dos últimos momentos de um dos mais tradicionais clubes do passado do futebol carioca

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Em 1947, o Andaraí solicitou licença de suas atividades junto à Federação Metropolitana de Futebol (FMF) a fim de cuidar da obtenção de um campo próprio. Todavia, para não ficar inativo, a diretoria programou seu time de futebol para excursionar por cidades próximas como Magé, Petrópolis, Friburgo e Valença. Dentre os atletas, figuravam nomes então conhecidos do público carioca como o guardião Alfredo, ex-Olaria, o zagueiro Aldo, ex-Flamengo e Confiança, o meia Duca, ex-America e Bonsucesso, e o atacante Baleiro, ex-Bangu e São Cristóvão.

Em dezembro de 1948 o Andaraí sofreria mais um outro duro revés. A Câmara Municipal, aprovando uma proposta do vereador e desportista Leite de Castro, autorizou a Prefeitura a ceder ao clube o terreno do antigo campo do Vila Isabel F. C., dentro do antigo Jardim Zoológico. Atualmente o espaço se intitula Recanto do Trovador. O projeto, acompanhado de uma carta aberta, ratificada por 91 signatários, foi encaminhado ao prefeito Mendes de Moraes que infelizmente o vetou, apesar de intensa mobilização por parte dos associados e simpatizantes da agremiação alviverde.

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Em 1949, a partir do Decreto-Lei 3.199, surge o Departamento Autônomo, vinculado à Federação Metropolitana de Futebol (FMF) e congregado por clubes amadores da cidade. Nesse ano as agremiações, através de abaixo-assinado, solicitaram a criação de um órgão na entidade, independente de seus administradores e dotado de uma organização própria. Daí resultou a criação do mencionado departamento e uma comissão composta por João Ribeiro de Campos, José da Silva Filho (Laúza), Alcides Gomes e Lauro do Carmo elaborou a sua regulamentação, assinada pelo presidente da FMF, Vargas Netto, constando o seguinte:

“As associações esportivas que constituíam a segunda divisão da FMF ficam agrupadas no Departamento Autônomo, de acordo com o artigo 13 do Estatuto, com independência administrativa, técnica e financeira.”

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Houve então uma reunião histórica, em 7 de julho de 1949, com a participação dos seguintes membros do conselho de representantes:

Lauro do Carmo (Irajá), José da Silva Filho (Andaraí), Manoel Caetano Alves (São José de Magalhães Bastos), Osvaldo Quintino (Bento Ribeiro), Miguel Cardoso (Del Castilho), Rodolfo de Souza Martins (Mavílis), Arcílio do Vale (Engenho de Dentro), Iraci Rocha (Manufatura), Carlos Xavier de Andrade (Cacique), Valdemar Calado (Sampaio), José da Costa Leitão (Oriente), Francisco Guerra (Guanabara), Hilário Martins (Distinta), Fausto Valin (Valin), Alcides Gomes da Silva (Portuguesa), Nicomedes Pinto Sant’anna (Coríntians), Gaudênio José Domingues (Cruzeiro), João Ribeiro de Campos (Kosmos), Fernando Van Delneger (Atília), Maximiano Pereira (Nova América), Alberto Gama (Oity), Nélson da Silva Calixto (Nacional), Rubens Gomes (Royal), Djalma Fred Ferreira (Anchieta) e Valdemar Costa Filho (Realengo).

Em 1949, o time disputa no campo do Benfica, localizado à Rua Licínio Cardoso, o certame inaugural organizado pelo Departamento Autônomo, participando pela Série Urbana junto a Portuguesa, Nova América (Inhaúma), Cacique (Engenho Novo), Clube dos Cariocas (Cidade Nova), Confiança (Andaraí), Del Castilho (Del Castilho), Sampaio (Sampaio) e Benfica (Benfica). O retrospecto é péssimo, figurando o clube na penúltima colocação, superando apenas o Clube dos Cariocas. Na categoria juvenil, o Andaraí ficou em último lugar. Na Série Urbana o campeão foi o Nova América, na Rural o Rosita Sofia e na Suburbana o Engenho de Dentro. No triangular final o Engenho de Dentro se sagrou supercampeão da primeira edição do Departamento Autônomo. Já na categoria juvenil, o Cruzeiro de Realengo foi o vencedor da Série Rural, o Del Castilho da Urbana e o Engenho de Dentro da Suburbana. Na decisão das séries prevaleceu o Cruzeiro, enquanto o Del Castilho foi o vice-campeão.

Partidas:

Primeiro turno: 11/09 – 2 a 3 Confiança (C); 25/09 – 2 a 5 Portuguesa (F); 2/10 – 2 a 4 Benfica (C); 9/10 – 3 a 7 Nova América (F); 16/10 – 0 a 2 Del Castilho (F); 23/10 – 3 a 5 Cacique (C); 30/10 – 2 a 1 Clube dos Cariocas.

Segundo turno: (F); 6/11 – 3 a 1 Sampaio (C); 13/11 – 0 a 0 Confiança (F); 27/11 – 1 a 1 Portuguesa (C); 4/12 – 1 a 3 Benfica (F); 11/12 – 1 a 2 Nova América (C); 18/12 – 1 a 4 Del Castilho (C); 1/01 – 3 a 6 Cacique (F); 8/01 – 6 a 1 Clube dos Cariocas (C).

Classificação da Série Urbana:

1º Nova América – 24;
2º Cacique – 22;
3º Sampaio – 22;
3º Benfica – 21;
4º Del Castilho – 21;
5º Confiança – 14;
7º Portuguesa – 8;
8º Andaraí – 8;
9º Cariocas – 4.

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André Luiz Pereira Nunes é professor e jornalista. Na década de 90 já escrevia no Jornal do Futebol e colaborava com Almir Leite no Jornal dos Sports. Atuou como colunista, repórter e fotógrafo nos portais Papo Esportivo e Supergol. Foi diretor de comunicação do America.
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