André Luiz Pereira Nunes: Balanço negativo expõe decadência do futebol do Rio de Janeiro

Na coluna desta semana, André Luiz Pereira Nunes faz uma análise do desempenho dos clubes cariocas neste fim de temporada

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Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que a fase atual tem sido extremamente ruim para o futebol fluminense. O Botafogo caminha a passos largos em direção ao rebaixamento e, provavelmente, terá o Vasco em sua companhia. O Flamengo, apesar do elenco caro e experiente, não conseguiu reeditar seus melhores dias sob o comando de Jorge Jesus. Após a saída do técnico lusitano, o time rubro-negro nunca mais se encontrou. Já o Fluminense resolveu apostar na estrela do veterano Fred, o qual visivelmente já não apresenta mais a mesma qualidade, assim como Paulo Henrique Ganso, a maior aposta que resultou em decepção dos últimos tempos do futebol brasileiro.

Se analisarmos as demais divisões, também constataremos que o futebol do Rio nada promoveu de relevante no ano passado. Na Série B não contamos atualmente com nenhum representante, fato este que deverá mudar, visto que Vasco e Botafogo devem tornar-se seus novos integrantes. Ainda é preciso ressaltar que nenhuma agremiação do estado ascendeu ao segundo escalão nacional. A única possibilidade seria com o Volta Redonda, solitário representante na Série C. Contudo, infelizmente em nenhum momento, o Voltaço esteve perto dessa façanha. Muito pelo contrário. Durante a disputa do campeonato chegou a flertar com o rebaixamento à Série D. A sua campanha irregular desanimou bastante seus torcedores.

Em se tratando de Série D, o último patamar do Campeonato Brasileiro, não há mesmo motivos para nos orgulharmos. A Cabofriense foi a única a se classificar para a segunda fase do certame e lá mesmo foi eliminada no mata-mata pelo São Luiz, de Ijuí. Os outros representantes, Portuguesa e Bangu, fizeram campanha verdadeiramente medíocre, o que é lamentável, sobretudo em se tratando do alvirrubro da zona oeste, vice-campeão em 1985. Chego a imaginar que disputaram a competição sem nenhum tipo ambição, desejando a tão sonhada eliminação, possivelmente para minimizar gastos e reservar algum montante para o Campeonato Estadual.

O panorama é deveras desalentador para um estado que sempre esteve na liderança e na vanguarda do futebol brasileiro. Não tem nem muito tempo, Macaé e Duque de Caxias tiveram passagens, ainda que curtas, pela Série B nacional. Hoje amargam uma espécie de limbo sem esperança de saída.

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Os motivos para essa agonia são inúmeros, entre os quais, a falta de investimento nas categorias de base e a queda da receita do petróleo que alimentava as pequenas prefeituras que, por sua vez, bancavam os times de médio porte do interior. Já a falta de alternância no comando da Federação é algo que também precisa ser enumerado. É fato notório que o futebol fluminense precisa mudar, pois a estrutura reinante já não mais atende sequer às menores necessidades.

Dos quatro promovidos à Série C, dois são paulistas: Novorizontino e Mirassol. Representantes de um estado que decidirá o título da Copa Libertadores da América. Precisa dizer mais?

Se nada for feito em curto prazo, provavelmente esse cenário piorará bastante nos próximos anos. Principalmente, a partir do iminente descenso de Botafogo e Vasco, fato que não está nada longe de acontecer.

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André Luiz Pereira Nunes é professor e jornalista. Na década de 90 já escrevia no Jornal do Futebol e colaborava com Almir Leite no Jornal dos Sports. Atuou como colunista, repórter e fotógrafo nos portais Papo Esportivo e Supergol. Foi diretor de comunicação do America.

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