Caso ainda estivesse em atividade, o Confiança Atlético Clube, de Vila Isabel, já teria completado 106 anos. O simpático clube da Rua General Silva Teles, 104, infelizmente encerrou as atividades em 1993, quando a sua área foi cedida pelo então prefeito César Maia ao antigo locatário Acadêmicos do Salgueiro. Dos resquícios, só resiste a bela arquibancada de madeira de lei, tombada pelo patrimônio histórico. Em relação ao time, o qual já se encontrava inativo, foi na época articulada uma fusão, pelo presidente da Federação, Eduardo Viana, com o Barra da Tijuca Futebol Clube, uma agremiação de vida breve formada por empresários. O intuito era que esta pudesse ingressar diretamente no terceiro módulo profissional sem precisar passar pelo quarto. Tais negociatas eram bastante comuns naquele tempo a fim de favorecer equipes com mais pompa e recursos financeiros.
Foi o primeiro campeão da Liga Suburbana, em 1918. No ano anterior já vencera a segunda divisão. Em 1924 e 1933 disputou a primeira divisão do Campeonato Carioca na fase amadorista. Em 1946, obteve outra conquista de reconhecimento, quando atuando na primeira divisão da segunda categoria da Zona Sul, arrebatou o título do torneio promovido pela Federação Metropolitana de Futebol (FMF). Na mesma temporada vencera o Torneio Início.
Se sagrou também vencedor da Taça Disciplina em 1958 e 1959 na categoria infanto-juvenil do Departamento Autônomo (D.A.). Em 1959, se sagrou vice-campeão de amadores na Série Centro.
Em 1964, conquistou a Série Almir dos Santos, graças a outra ótima campanha. Já em 1966 houve uma de suas maiores conquistas: o Supercampeonato Amador, quando bateu na final, em 13 de novembro, o Cruzeiro de Realengo, no estádio da Rua General Silva Teles. Joaquim Nunes orientou o time durante o primeiro turno, enquanto Edgard Felipe dos Santos, futuro presidente, assumiu o comando técnico da equipe no restante do certame.
Na ocasião, ocorreu um sério incidente. O zagueiro Beu, do Cruzeiro, ao ver o seu irmão brigando na arquibancada, deixou o campo e, aos 19 minutos do segundo tempo, houve um conflito generalizado. O cotejo acabou suspenso enquanto os mandantes venciam por 3 a 1. A conclusão do restante da partida aconteceu em 12 de dezembro, quando o Confiança assinalou mais dois gols. No retrospecto geral foram 14 jogos, 8 vitórias, 4 empates e 2 derrotas. 20 pontos ganhos e 4 perdidos. 30 gols a favor e 21 contra. O presidente era Nélson Duarte Calaza.
Após ser vice em 1979 e 1981 do Departamento de Futebol Amador da Capital (D.F.A.C.), novamente perdeu a decisão, em 1983, quando capitulou diante do Oriente por 1 a 0, com um gol de Quinha, na prorrogação, em prélio disputado no campo do Botafogo, em Marechal Hermes.
Contudo, a redenção viria, em 1987, quando o time voltou a se consagrar supercampeão amador ao bater o Francisco Xavier Imóveis, comandado pelo lendário Manoel de Almeida. O Confiança era então presidido por Edgard Felipe dos Santos e treinado pelo seu filho Erinaldo Felipe dos Santos, o Mimão.
Em 1990, finalmente se profissionalizou, passando a disputar o Campeonato Estadual da terceira divisão. Acabou precocemente eliminado na primeira fase ao ficar em sexto lugar, entre oito participantes. No ano seguinte, passou a integrar a Segunda Divisão, visto que a verdadeira segundona se tornara Módulo “B” da Primeira Divisão. Portanto, a terceira passou a se auto intitular segunda divisão numa das muitas mudanças de nomenclatura feitas até hoje de maneira atabalhoada e incompetente pela Federação. Também foi eliminado na primeira fase ao ficar na quinta posição em sua chave.
Em 1956, a antiga fábrica já havia sido adquirida por uma construtora e os novos donos não tinham o menor interesse na manutenção do clube. Portanto, uma disputa judicial entre o Confiança e os empresários se arrastou por quase 40 anos. Nesse ínterim, a quadra passou a ser alugada à escola de samba Acadêmicos do Salgueiro.
A arquibancada de madeira, construída em 1915, uma das primeiras do país, conforme mencionado, permanece de pé.