André Luiz Pereira Nunes: Insólitas histórias de um repórter esportivo (Parte 2)

Na coluna desta semana, André Luiz Pereira Nunes conta histórias curiosas e divertidas de um repórter esportivo

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Corria o ano de 2010. Estávamos eu e o saudoso ex-árbitro e dirigente Walquir Pimentel, de carro, a caminho do CFZ, percorrendo a Avenida das Américas, no Recreio do Bandeirantes. Eu ia cobrir a final de um torneio, a Copa Yasmin Verão, da categoria juvenil, promovida pelo então recém-criado Clube Esportivo Yasmin, que posteriormente passaria a se chamar Clube Atlético da Barra da Tijuca. Atualmente integra a terceira divisão do Rio de Janeiro.

Chegando próximo ao nosso destino, Walquir me alertou para que ficasse atento. A próxima rua à direita possivelmente seria a que deveríamos virar. Era a rua do estádio, segundo ele.

  • Preste atenção, André! É a próxima. Não podemos perder. Me avise.

Fiquei bastante atento esperando que a rua chegasse. Estava muito ansioso, pois nunca havia estado no clube do Zico. Quem sabe o encontraria por lá. Também faria contato pela primeira vez com o Yasmin, clube então estreante no profissionalismo. Seria uma ótima oportunidade para fazer umas matérias e também boas fotos.

De repente, surge uma rua. De imediato avisei ao Walquir.

  • Olha, é aquela lá. Vamos entrar.

Viramos. A rua era simplesmente a entrada de um supermercado que estava em construção. Fomos parar dentro do estabelecimento.

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Outra história envolvendo meu saudoso amigo Walquir Pimentel. Tínhamos acabado de sair de um arbitral na Federação de Futebol do Rio. Para quem não sabe, trata-se de uma reunião em que se decidem tabela, regulamento e participantes, antecedendo ao campeonato. Vínhamos conversando, até que ele me perguntou se eu queria carona. Respondi que sim. Morávamos relativamente perto. Eu, em frente ao Colégio Militar, na Tijuca, e ele na Rua Carlos de Vasconcelos, próximo à Praça Saens Pena.

Quando já estávamos no carro, de repente o telefone dele tocou. Era o seu aspone favorito, Orlando Penteado. Foi aí que rolou um dos diálogos mais engraçados que já presenciei na minha vida de repórter esportivo.

  • Olá, Orlando, tudo bem? Acabei de sair do arbitral. Você não sabe quem eu encontrei. O Lancetta.

Lancetta, Orlando!!! Lan-cet-ta!!! LAN-CET-TA!!! Tá surdo, Orlando???? Que buceta? Eu falei buceta, Orlando???? Lancetta!!!

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Uma terceira história envolvendo meu saudoso amigo Walquir Pimentel. Dessa vez tínhamos como destino o Clube de Regatas do Flamengo. Haveria por lá algum evento esportivo, o qual já não me lembro. Entramos com o carro e estacionamos na garagem do clube.

Assim que descemos, Walquir me relatou que estava muito apertado. Precisava urinar. Eu, por acaso, também. Foi aí que avistamos um banheiro ainda na garagem da agremiação. Walquir entrou primeiro e começou a se aliviar. O interior estava escuro, não sei se por que não havia luz ou se meu amigo não havia achado o interruptor. Imaginei que o toilette de um clube como o Flamengo, mesmo situado na garagem, deveria ser enorme, daqueles que cabem 10 ou mais pessoas.

Para minha surpresa era apenas um banheirinho. Quando entrei, achando que se tratava de um grande compartimento, vi o Walquir muito irritado, no escuro, tentando mirar o alvo e, ao me ver, ainda reclamou comigo.

  • Espera aí, André. Deixa eu mijar em paz. Aqui não dá pra dividir. Se não dá pra esperar, então, mija aí no chão mesmo. _______________

Caio Júnior, quando era treinador do Flamengo, certa vez proferiu uma declaração que causou uma reação solitária e inusitada. Ele disse, após um período de derrotas que levou a sua permanência no clube a ser muito questionada, “que todo mundo no Flamengo dava palpite, até o diretor da bocha.”

Foi exatamente nessa ocasião que estive no Flamengo para fazer uma matéria, não sobre o Caio, mas sobre a bocha, e lá encontrei o tal diretor, puto da vida, dizendo que gostava do técnico, mas que não dava pitaco no futebol e exigia, portanto, respeito. Porém, ninguém o convencia de que o treinador apenas generalizara a imensa quantidade de corneteiros do clube, o que, cá entre nós, é uma realidade!

Dias depois conversei com o Caio e lhe relatei a indignação do tal diretor. Ele ao ouvir, riu e me falou: – Ah, você está de sacanagem!!!

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Mário Sérgio me contou uma vez que a maior emoção de sua vida foi ter sido aplaudido por um estádio inteiro com torcidas rivais, do Inter e Grêmio.

Era o jogo das faixas do Grêmio, então campeão do mundo em 1983, e ele que jogara no elenco vencedor, acabara de se transferir justo para o Inter. Achou que ia ser vaiado. Acabou aplaudido.

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André Luiz Pereira Nunes é professor e jornalista. Na década de 90 já escrevia no Jornal do Futebol e colaborava com Almir Leite no Jornal dos Sports. Atuou como colunista, repórter e fotógrafo nos portais Papo Esportivo e Supergol. Foi diretor de comunicação do America.

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