André Luiz Pereira Nunes: Uma avalanche de clubes no Campeonato Carioca

Mais uma das histórias marcantes do futebol do Rio de Janeiro

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Em 1913, pela primeira vez, a título de experiência, o Campeonato Carioca foi aumentado para 10 clubes, a saber: America, Bangu, Botafogo, Flamengo, Paissandu, Fluminense, Rio Cricket, São Cristóvão, Mangueira e Americano. A experiência não trouxe resultado e, no ano seguinte, foi deliberado, pela Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT), o afastamento do Mangueira e do Americano, ficando reduzido o certame para 8 clubes. O problema é que o Bangu resolveu não disputar a competição, diminuindo então o número para 7 agremiações. Pela primeira vez o Flamengo se sagrou campeão da cidade, feito repetido, em 1915, já em plena Primeira Guerra Mundial, declarada no ano anterior.

A Liga Metropolitana resolveu, portanto, manter os mesmos 8 clubes do ano anterior com a volta do Bangu. Porém, os jogadores do Paissandu, de nacionalidade britânica, atenderam ao chamado de sua pátria, para prestarem serviço militar e afastaram definitivamente seu time do Campeonato Carioca. Assim sendo, o número se manteve em 7 participantes.

Em 1916, a Liga Metropolitana resolveu apostar em 8 clubes para o campeonato, possibilitando merecido acesso ao Andaraí, uma vez que possuía o campo da Rua Barão de São Francisco, dotado de arquibancadas e boas instalações. Sabe-se que mais tarde o local foi adquirido pelo America e, posteriormente, se tornou um shopping center. Contudo, ocorreria novo revés. Pelas mesmas razões do Paissandu, o Rio Cricket abandonou a competição para também nunca mais voltar. O certame foi integrado por apenas 7 clubes e o America foi o campeão.

Uma avalanche de clubes, em 1917, invadiu a Liga Metropolitana. A entidade, então, foi obrigada a formar três divisões, aumentando para 10 o número de times na primeira divisão, a qual ficou assim constituída: Fluminense, America, Flamengo, São Cristóvão, Botafogo, Andaraí, Bangu, o Mangueira, que havia voltado à primeira divisão, além dos novatos procedentes da segunda divisão Vila Isabel e Carioca.

Os clubes mais antigos continuaram na segunda divisão, entre os quais, o Clube de Regatas Boqueirão do Passeio, Palmeiras, Catete, Paulistano, entre outros, enquanto que na terceira divisão novos clubes haviam ingressado, tais quais, Vasco, Paladino, Ríver, São Bento, Icaraí, Brasil, Gragoatá, Parque Royal e o Esperança, cuja sede ficava no Marco 6, em Bangu, e foi engolida pela Avenida Brasil.

O Fluminense se sagrou tricampeão da cidade, vencendo os certames de 1917, 1918 e 1919. Durante quatro anos não haveria alterações no número de disputantes do campeonato da cidade. Inclusive foi justamente nessa época que o Tricolor das Laranjeiras, através de Arnaldo Guinle, construiu seu suntuoso estádio, sendo o único que possuía campo, pista de atletismo, piscina, excelentes quadras de tênis e outras modalidades esportivas.

A novidade mais expressiva surgiria logo depois. O Vasco, em 1916, jogou a terceira divisão. No ano seguinte subiu para a segunda e nela se manteve até 1920, quando passou à Série B da primeira divisão. Em 1922, sagrou-se campeão da Série B e, ano ano seguinte, campeão carioca. Trata-se de um exemplo único de um time oriundo de uma série inferior conquistar o campeonato da divisão de elite apenas com uma derrota e seis pontos de vantagem sobre o Flamengo, oito do São Cristóvão, nove sobre o Fluminense, onze acima do America, quatorze sobre o Bangu, quinze à frente do Andaraí e vinte acima do Botafogo.

Saído do nada, o Vasco prosperou pelo seu próprio esforço. Em 1927, construiu o maior estádio do Brasil, superado apenas em 1950 pelo Maracanã.

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André Luiz Pereira Nunes é professor e jornalista. Na década de 90 já escrevia no Jornal do Futebol e colaborava com Almir Leite no Jornal dos Sports. Atuou como colunista, repórter e fotógrafo nos portais Papo Esportivo e Supergol. Foi diretor de comunicação do America.

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