Apesar das inúmeras dificuldades inerentes à pandemia, dois clubes estrearão na esfera profissional do Rio de Janeiro. O já anunciado Império Serrano Esporte Clube e uma outra surpresa oriunda dos campos de pelada na Penha, o Uni-Souza Futebol Clube.
A agremiação alvinegra, cuja mascote é a águia, foi fundada a 30 de setembro de 1987 pelos irmãos Cosmo e João Souza como Dá-lhe Souza Futebol Clube. Durante alguns anos disputou o tradicional Campeonato da Beira da Linha, na Penha Circular, juntamente com os rivais Verçosa, Falcão, Magé, Viracopo, Racing, Erreuno, Estrela, Rebu e Sumatex. Se sagrou vencedor do Torneio Início, em 1992, ao bater o Falcão na decisão.
Em 1990, por iniciativa de Almir Leite, saudoso colunista do Jornal dos Sports, se filiou ao Departamento de Futebol Amador da Capital (D.F.A.C), o antigo e prestigioso Departamento Autônomo (D.A). Na mesma ocasião, a agremiação foi obrigada por Eduardo Viana a mudar de nome, passando a se intitular Uni-Souza. Os inusitados e costumeiros desmandos do notório Caixa d`água eram bem conhecidos. Certa feita, também obrigou um time de Éden, intitulado Psicose, nome do estabelecimento comercial de seu proprietário, a se filiar com outra denominação, tendo que se chamar São João de Meriti Futebol Clube.
A estréia do Uni-Souza ocorreria de maneira discreta dois anos depois. Porém, em 1994, adveio o seu melhor retrospecto, ainda que o Departamento de Futebol Amador da Capital, na época comandado por Marco Antônio da Costa, um ex-quarto zagueiro e posterior representante do Esporte Clube Bandeirantes, além de diretor da Mangueira, estivesse em seus derradeiros anos. O Alvinegro da Penha mandava seus jogos no extinto estádio da Rua Silva Teles, em Vila Isabel, o qual pertencia ao então moribundo Confiança Atlético Clube. União Futebol Clube, de Vila Isabel, e União Central Futebol Clube, também faziam dessa praça de esportes seu mando de campo, um sinal claro de rarefação dos espaços destinados à prática do futebol.
Na categoria principal, a de adultos, o Uni-Souza acabaria eliminado nas semifinais pelo União Central, o campeão daquela tumultuada edição, a qual inclusive contou com as desistências de Flama Futebol Clube e Ordem e Progresso Atlético Clube, este último por imposição dos traficantes da Vila Cruzeiro.
Já nos juniores, o Uni-Souza chegaria à decisão da competição, sendo derrotado na final pelo Esporte Clube Dourados, de Cordovil, por 4 a 1, em cotejo disputado no estádio da Rua Bariri. Nesse ínterim, o presidente João Souza passou a se dedicar à profissionalização do rival União Central, mas não se desincompatibilizaria jamais de sua antiga paixão.
Após 1997, o Departamento Amador passou por um longo período de inatividade que o levou a sua extinção sumária e descabida. Desde 1949 houvera revelado milhares de craques para o futebol brasileiro. Porém, em meados dos anos 2000, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro resolveu agrupar alguns dos remanescentes, além de alguns estreantes, em seu departamento técnico, de modo que a antiga sede do D.F.A.C, sediada na Rua do Acre, 47, passou a servir a outros fins. O Campeonato Amador do Rio de Janeiro, tornado Copa Amador da Capital, hoje completamente descaracterizado e desfigurado, atualmente apenas contempla algumas categorias como sub 15 e sub 17. Em 2012, o Uni-Souza conquistou o sub-15 ao bater na decisão o Conselho Comunitário e Esportivo de Jacarepaguá. Em 2019, perdeu a final do sub 17 para a Associação Real Maré Futebol Clube, nos pênaltis.
Finalmente, em 2021, o notório integrante das peladas da Beira da Linha, na Penha, estreará como clube profissional, contando na presidência com Gilberto Figueiredo, cujo currículo se notabiliza pela descoberta e revelação do atacante Pedro, do Flamengo, o qual, na época, defendia o escrete juvenil do Duquecaxiense Futebol Clube. João Souza permanece como presidente de honra e, obviamente, está extremamente orgulhoso de presenciar seu time galgar mais um espaço em sua rica trajetória.