A derrota do Flamengo diante do Palmeiras, válida pela decisão da Copa Libertadores da América, que culminou na demissão de Renato Gaúcho, expôs mais uma vez o quão imediatista e obtusa é a visão de torcedores, dirigentes e jornalistas acerca do valor do trabalho de um treinador de futebol.
Renato Gaúcho chegou à Gávea, para o lugar de Rogério Ceni, com status de herói após obter ótimo desempenho à frente do Grêmio na temporada anterior. Curiosamente, seu nome era lembrado, quase de forma unânime e, ainda bastante insistente, para o comando da Seleção Brasileira. De acordo com a opinião pública, o técnico Tite, mesmo liderando o Brasil nas Eliminatórias, não teria conseguido implantar um padrão de jogo satisfatório no escrete nacional. Por isso, Renato seria o nome ideal.
Exageros à parte, é importante frisar que o ambiente do futebol é um dos mais traiçoeiros e ingratos. É perceptível que no decorrer do tempo as queixas da imprensa e torcida se tornaram mais recorrentes. Os esperados títulos não vieram, apesar do alto investimento do clube, representado por uma folha absurdamente inflacionada. Em relação às críticas, há até quem tenha aventado a hipótese, obviamente disparatada, de que o treinador teria favorecido o Grêmio por ocasião do empate contra os rubro-negros pelo Campeonato Brasileiro. O certo, porém, é que Renato não comemorou os gols de seu time contra os gaúchos em sinal de respeito.
Mas o pior mesmo ainda estaria por vir. O ápice da injustiça e da barbaridade ocorreu, finalmente, quando a filha, Carol Portaluppi, foi ameaçada nas redes sociais por quem se diz torcedor do Flamengo. A atitude condiz mais com terroristas ou, na melhor das hipóteses, delinquentes, bandidos da pior espécie.
Renato fez história, principalmente, como jogador do Grêmio, Flamengo, Fluminense e Seleção Brasileira. Foi um ponta-direita ágil, polêmico e extremamente habilidoso. Não lhe faltava talento para romper as marcações e chegar à linha de fundo, além da facilidade em conquistar o coração das mulheres e dos torcedores brasileiros. Por isso, ganhou de forma justa a alcunha de ‘Rei do Rio’.
Mas esse ano as vitórias não vieram. Os resultados ficaram aquém do esperado. No Brasil um segundo lugar é sinônimo de último. Portanto, ninguém mais se recorda de que era o nome certo para o lugar de Tite na Seleção Brasileira. De uma hora para outra Renato Gaúcho caiu em desgraça. Não está mais à altura do Flamengo. De acordo com as suas próprias palavras, ‘No Brasil só é bom quem ganha.’
Concordo em que foi precipitada e injusta a pressão sofrida pelo treinador Renato Portaluppi no Flamengo. A torcida e mesmo muitos jornalistas, a meu ver, superestimam sempre o talento de alguns jogadores, e execram facilmente qualquer técnico. Deve-se considerar nesses julgamentos precipitados e parciais que o ‘futebol atual’ exige que os jogadores pensem – o que sempre fizeram os craques verdadeiros com os integrantes do timaço de Zico e Cia. Ltda. A capacidade de “jogar sem bola” é hoje imprescindível para o conjunto da equipe criar ou encontrar espaços na linha de defesa adversária. Será que isso sempre aconteceu no atual time rubro-negro? Que culpa o técnico pode ter num lance como o descuido de Andreas Pereira no lance fatídico do gol da vitória palmeirense? Ou também no “cochilo” do time no já esperado contra-ataque do time paulista no primeiro gol do jogo? Tem-se falado num convite futuro ao técnico argentino Marcello Gallardo. Pois ele está saindo de um período de 7 (S-E-T-E ) anos à frente do River Plate. Quanto tempo ele resistiria ou resistirá no Flamengo antes de ser xingado em pleno Maracanã de FDP para baixo???