Andréa Nakane: Um Tatame, Uma História, Muitas Conquistas

Colunista do DIÁRIO DO RIO conta a história de Gabriel Borges de Mello, de17 anos, que é deficiente visual e tem mais de 10 medalhas em Jiu Jitsu

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Gabriel Borges de Mello tem 17 anos e é morador da Vila Valqueire e desde cedo percebeu que sua passagem por aqui demandaria muita garra e resiliência para ultrapassar as adversidades impostas em sua vida.

Ao nascer, Gabriel Mello, foi diagnosticado com glaucoma congênito e durante todo o seu primeiro ano de vida, hospitais e internações foram uma constante, até o momento que foi afastada a possibilidade de um transplante de córnea.

Tendo sua mãe, Dona Regina Mello, como seu porto seguro, ao mesmo tempo que lhe dava asas para voar, incentivando sua autonomia, Gabriel Mello foi crescendo, não esmorecendo e aprendendo desde cedo que mesmo vivendo em uma cidade cosmopolita e moderna, a mesma não estava tão preparada assim para acolher as pessoas com algum tipo de deficiência seja ela de que forma se apresentar.

Porém, se faltavam estruturas adequadas, por outro lado, pessoas de um coração gigantesco surgiam e colaboravam para que o desenvolvimento dele fosse muito além do esperado. Não há como citar nominalmente, mas Gabriel Mello contou com o apoio de muitas pessoas ao seu redor, desde educadores e familiares, que inclusive acabaram apresentando a ele o Jiu Jitsu, sua paixão.

O mestre Valter Mello iniciou Gabriel Mello na prática esportiva, que começou cedo aos 04 anos, brincando, e hoje, ainda tão novo, com 13 anos de práticas ininterruptas, o atleta amador coleciona 12 medalhas, sendo dez de ouro e duas de prata obtidas em campeonatos e disputas oficiais.

Atualmente Gabriel Mello pertence a categoria faixa azul juvenil peso galo e mesmo sem contar com nenhum tipo de patrocínio, mantém-se focado e determinado, sonhando em um dia se tornar campeão mundial na Califórnia e ter assim seu talento esportivo reconhecido por muitas outras pessoas.

“O bem-estar que o jiu-jitsu me proporciona é algo indescritível. Quando eu visto o quimono eu me percebo igual a todos e busco dar o meu melhor para conquistar meus objetivos”, afirma com garra Gabriel Mello.

O esporte praticado pelo Gabriel Mello não é específico para portadores de deficiência. Ele luta com atletas que não tem nenhum traço de deficiência, o que lhe outorga ainda mais destaque, já que ele primeiro consegue ultrapassar seus próprios limites e depois com técnica e disciplina entra de cabeça erguida e em pé de igualdade, para demonstrar o esporte que abraçou.

Gabriel Mello sabe que sua jornada vitoriosa é ainda longa, mas demonstra que pelo esporte conseguirá ainda conquistar muito mais. Ele tem ciência que sua história traz méritos não só para si, mas também para tantas outras crianças e jovens, que como ele, tem maiores barreiras a serem superadas.

Ser um exemplo, combatendo a preconceitos e chamando a atenção para uma real inclusão social, não foi meta traçada por ele, mas tornou-se realidade e é orgulho para todos que o conhecem ou são impactados por sua trajetória.

Realmente não há limites para quem consegue enxergar, ouvir ou sentir a força hercúlea que cada um de nós traz, simplesmente por sermos humanos e termos, com apoio de nossos pares, o poder de transformar nossas vidas, sem deixar-nos intimidar por barreiras impostas, que herdamos ou que simplesmente já estão contidas em nós.

A vida precisa ser vivida intensamente e cada um de nós, na batalha de nossas jornadas pode acumular vitórias e ser um campeão, para isso, é preciso acreditar, sobretudo, em você mesmo.

Ficaremos na torcida pelo Gabriel Mello e vamos ficar de olho nas telinhas, semana que vem começam os jogos paralímpicos em Tóquio e os atletas brasileiros contam com a nossa vibração.

Que venham muitas medalhas e sorrisos… estamos precisando.

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entrar grupo whatsapp Andréa Nakane: Um Tatame, Uma História, Muitas Conquistas
Andréa Nakane é carioca, apaixonada pela Cidade Maravilhosa, relações públicas, professora universitária, Doutora em Comunicação Social e Mestre em Hospitalidade.Embaixadora do RJ. Vive há 20 anos em Sampa e adora interagir com pessoas singulares que possam gerar memórias afetivas construtivas.

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