Angra lança campanha para salvar lancha Loretti, usada para transportar presos políticos na ditadura

Embarcação história fez o transporte de personalidades como Castor de Andrade, Natal da Portela, Carlos Imperial, Graciliano Ramos e Fernando Gabeira

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Depois de naufragar, a Loretti está há oito anos na Marina Verolme, em Angra dos Reis.

O município de Angra dos Reis lançou a campanha “Salvemos a Loretti”, lancha que é reconhecida como patrimônio da história do sistema penal, da navegação e da Ilha Grande. A embarcação que tem 110 anos, sem manutenção adequada nos motores, a Loretti acabou afundando, em março de 2014, no cais Santa Luzia, no Centro de Angra dos Reis e desde em tão está guardada na Marinha Verolme.

A embarcação também serviu à Defesa Civil para salvamentos marítimos e à população da Ilha Grande depois que o presídio foi implodido por ordem do então governador Leonel Brizola. A proposta de recuperar a lancha começou pelo seu mestre, Constantino Cocotós, que também comandava a Defesa Civil na Ilha Grande. Ele morreu, em 2013, sem realizar o sonho de ver a Loretti num museu a céu aberto na Vila do Abraão. A pedido da comunidade, o nome de Cocotós foi eternizado no Centro Cultural da Ilha Grande. Há oito anos, a então prefeita Conceição Rabha prometeu recuperar a embarcação, a mesma promessa feita no ano passado por Fernando Jordão (MDB), que foi reeleito e é o atual prefeito de Angra dos Reis.

Sem solução à vista, o fundador da Associação de Canoagem Oceânica de Angra dos Reis (ACOAR), Marcelo Lopes lançou a campanha “Salvemos a Loretti”, com apoio de moradores da Ilha Grande, de empresários e de parentes do falecido Constantino. Ele explica a relevância da medida: “A Loretti teve uma importância fundamental para o transporte de presos e depois para salvamentos na Ilha Grande. Era uma embarcação moderna para a época por causa do seu modelo, com proa alta, extremamente segura para enfrentar as ondas em mar aberto. Somente ela entrava em Dois Rios, onde ficava o presídio. É preciso recuperar o madeiramento e partes de metal. Estamos buscando emendas parlamentares e ajuda de um pool de empresas para recuperar a lancha e transformá-la num museu na Vila do Abraão, como era o sonho de Cocotós”.

Em março de 2019, a vereadora Titi Brasil fez o primeiro pedido à prefeitura para recuperar a Tenente Loretti “para manter a história viva”. O Presidente da Associação dos Condomínios da Costa Verde, Manoel Francisco de Oliveira informou que há um grupo de empresários dispostos a transformar a Loretti em museu. Mas para que isso aconteça, a prefeitura de Angra precisa apresentar um projeto de recuperação, a titularidade e o destino que pretende dar à lancha após a reforma.

Lopes recorda que “além de trazer presos do Rio, na época da ditadura, a lancha também levava os detentos para audiências em Angra dos Reis. Transportava mantimentos para o presídio e, após a implosão, além de atuar em salvamentos, ia imponente na frente da procissão marítima do padroeiro da Ilha Grande, São Sebastião”.

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A Tenente Loretti transportava presos e alimentos para o presídio da Ilha Grande. Depois foi cedida à Defesa Civil.

Em uma das operações de salvamento, em 12 de março de 1970, durante uma tempestade, na Baía da Ilha Grande, 3 náufragos, que estavam nas pedras após o naufrágio da pequena lancha de apoio que usavam para pescar, foram resgatados e levados de volta para o Tamarind. Um deles era o jornalista Roberto Marinho, fundador da Rede Globo, que tinha como hobby a pesca submarina (mergulhou até aos 84 anos) e era proprietário do iate. Dois dias depois, ele voltou à Vila do Abraão para abraçar e agradecer a rápida ação de Cocotós e sua equipe.

A lancha foi construída em 1910, tem 20 metros de comprimento e foi cedida pela Marinha ao governo do Estado do Rio em 1937. Até 1960, ela transportou mercadorias, criminosos e presos políticos como Castor de Andrade, Mariel Mariscot, Madame Satâ, Escadinha, Lúcio Flávio, Natal da Portela, Carlos Imperial, Graciliano Ramos e Fernando Gabeira. Há um ano, o então presidente da Companhia de Turismo de Angra dos Reis, João Willi, estimou em R$ 100 mil o custo para recuperar a lancha, inclusive com material que permita deixá-la em exposição a céu aberto. Fernando Jordão prometeu buscar recursos federais para salvar a lancha, mas a ajuda ainda não chegou.

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Costa do mar, do Rio, Carioca, da Zona Sul à Oeste, litorânea e pisciana. Como peixe nos meandros da cidade, circulante, aspirante à justiça - advogada, engajada, jornalista aspirante. Do tantã das avenidas, dos blocos de carnaval à força de transformação da política acreditando na informação como salvaguarda de um novo tempo: sonhadora ansiosa por fazer-valer!

1 COMENTÁRIO

  1. Realmente não vejo tanta dificuldade para assim trazerem de volta esta raridade. Basta querer… Que história incrível!!! Sou morador de angra e apreciaria muito essa embarcação de volta aos seus tempos de glória

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