O Ano de 2025 foi marcado pela Igreja Católica como Jubileu da Esperança, um tempo especial, que ocorrerá de 24 de dezembro de 2024 a 6 de janeiro de 2026. Um tempo de Graça Extraordinária, que acontece a cada 25 anos, sempre nos anos 00, 25, 50 e 75.
Afinal, o que é Peregrinação? Essa é uma prática restrita apenas ao povo cristão ou é um convite para toda humanidade? Peregrinação é uma jornada espiritual e física, realizada por aqueles que buscam crescimento pessoal. Mas não é apenas um evento religioso, ligado a uma prática específica, como por exemplo, cristão peregrinam à Roma ou santuários marianos como Fátima, Aparecida e Guadalupe; muçulmanos vão à Meca ou Medina; ou hindus que vão a Varnasi ou no Ganges e judeus que vão ao muro das lamentações em Israel. Embora seja uma prática comum em diversas religiões, a peregrinação é um convite e desafio para toda a humanidade, uma experiência de transformação pessoal e busca por significado e sentido existencial.
Peregrinar é um termo que vem do latim “per agros”, que significa “pelos campos” ou “através das terras”. É uma viagem que vai além o simples deslocamento físico, é como sair da inércia, abandonar velhos hábitos e se colocar no caminho. Uma jornada espiritual e de autodescoberta, em busca de renovação e transformação interior. Nessa viagem muitas vezes se percebe a presença do Divino e do Mistério em nossa vida e que nos faz transcender o materialismo e a dimensão temporal.
Especificamente para os católicos, o ano jubilar é um convite para reconversão e indulgências. Alguns mais distraídos, podem entender indulgência como uma negociação do perdão das faltas em função de doações ou penitências. Esse entendimento é errado. O parágrafo 1471 do Catecismo da Igreja Católica define da seguinte forma: “A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas condições, por meio da Igreja que, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos”. Portanto indulgência reflete a abundância da misericórdia divina e a comunhão dos santos. É como se fossemos convidado para um grande banquete por Deus, que também sabendo de nossas misérias; e ainda assim mantém as portas para nós. Mas é preciso que cada uma saia de sua acomodação e inércia, e se esforce para participar desta festa e do banquete. Esse esforço pressupõe participar dos sacramentos da confissão, da missa, rezar pelo Papa. E é muito indicado a peregrinação a uma das basílicas papais em Roma ou nos Santuários que a Diocese coloca a disposição em cada cidade.
Vale compartilhar a experiência de peregrinação local: Alguns amigos cariocas estão organizando peregrinações nos finais de semana, visitando igrejas e santuários. São caminhadas de 15 a 20 km, que visitam alguns pontos propostos pela arquidiocese, que inclusive o Diário do Rio, publicou a lista aqui (https://diariodorio.com/nao-pode-ir-ao-vaticano-faca-a-peregrinacao-do-jubileu-sem-sair-do-rio/) . No último domingo, dia 05 de janeiro, estes amigos fizeram um roteiro, partindo da Basílica do Imaculado Coração de Maria, no Meier, e foram até a Antiga Sé, Igreja de Nossa Senhora do Rosário. No caminho passaram por muitos templos, como Basílica de Fátima em Vila Isabel, Basílica de São Sebastião dos Capuchinos, na Tijuca. A peregrinação também passo por algumas igrejas não jubilares como Igreja de Nossa Senhora da Luz, Igreja da Conceição do Engenho Novo e terminou na praça XV com a missa da Epifania na Igreja Lapa dos Mercadores.
É claro que há um cansaço físico pela jornada, mas é indescritível o senso realização e superação; a renovação espiritual e as novas perspectivas e insights sobre a vida. E claro, cria-se uma conexão com os amigos e a comunidade, já que em cada paróquia nosso grupo entrava para orações e interação com os fiéis locais. E ao final ainda pudemos participar da alegria dos cariocas com abertura não oficial do Carnaval 2025. Perceber que Jubileu é alegria e que o sentido maior da vinda de Jesus foi de Redenção, de abrir as portas para que todo povo possa participar do banquete, desde já na medida que possamos construir uma sociedade mais inclusiva. E num futuro quando possamos estar em plenitude junto ao Pai, na morada celeste.
