A quarta matéria da série #AondeVamosParar?, produzida pelo DIÁRIO DO RIO e que tem como foco mostrar os problemas do transporte público da Região Metropolitana do estado, questiona o baixo número da cobertura de metrôs em uma cidade do tamanho e importância do Rio de Janeiro.
Em 1979 foi inaugurado o primeiro trecho de metrô da cidade do Rio de Janeiro, como mostra o site do MetrôRio. “A linha 1 iniciou sua operação com 5 estações: Praça Onze, Central, Presidente Vargas, Cinelândia e Glória, no horário de 9h às 15h, pelo então governador Floriano Peixoto Faria Lima. Nos primeiros 10 dias, o sistema transportou mais de 1/2 milhão de pessoas, com uma média diária de 60 mil usuários”.
A linha mais recente foi aberta em 2016, para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. A Linha 4 tem 16 km e vai da Barra à Tijuca, passando pelo Centro e pela Zona Sul.
De acordo com Andreína Nigriello, professora da USP (Universidade de São Paulo) e pesquisadora de infraestrutura urbana, falta tratar o tema como prioridade para ampliar o sistema de metrô (que é considerado por especialistas o mais eficaz para o transporte de massas) no Rio e em todo o Brasil. O projeto e o início das obras do metrô de Santiago, no Chile, São Paulo e Rio de Janeiro são do mesmo período: o fim da década de 1960 e a década de 1970. Inaugurado em 1975, o sistema da capital do Chile possui 103 km de extensão, maior do que qualquer cidade brasileira. A rede paulistana – maior do nosso país – tem 77,4 km; e a carioca, 58,1 km.
Em 2020, o Governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou que retomaria as obras do anexo da Linha 4 para concluir a Estação da Gávea, parada desde 2015. Contudo, antes disso, teria de reparar a área escavada, que está inundada e com problemas estruturais nas paredes. Resultado: nenhuma empresa se interessou em participar da licitação para começar a reparar a Estação.
O Governo do Estado, em nota, disse que está atendendo a todas as determinações das instâncias judiciais: “A Secretaria de Transportes e a RioTrilhos estudam soluções para a questão, de acordo com os limites permitidos pelos contratos firmados e as decisões judiciais”.
Em agosto deste ano, Claudio Castro (PL), governador do estado, afirmou que as obras do Metrô da Gávea serão incluídas no pacote de obras do Pacto RJ, caso o imbróglio judicial que interrompeu a construção da estação, seja resolvido.
“A Estação da Gávea tem um problema jurídico sério, que precisa ser resolvido antes do prosseguimento das obras. Eu já falei com o Ministério Público, pedi uma reunião também com o Tribunal de Justiça para que o espaço volte a ter obras. Se tivermos a autorização, vamos incluir este projeto no Pacto RJ. Este é um projeto que não conseguiria entregar neste mandato, mas pretendo retomar as obras”, disse Castro.
No último sábado, 16/10, em um evento em Santa Teresa, na cidade do Rio, Cláudio Castro confirmou a expansão do metrô da Pavuna para Nova Iguaçu. As obras começariam já em 2022. Existem projetos prontos para estender o metrô até São Gonçalo. No entanto, Castro passou por cima da antiga ideia. A linha passaria pela superfície em VLT, ligando a Estação Pavuna a Nova Iguaçu, passando por São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo e Mesquita, com um custo aproximado de R$ 1,7 bilhão.
A declaração de Castro levantou alguns questionamentos. Mário Marques, colunista do DIÁRIO DO RIO, escreveu: “Em 2009, ainda como Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff anunciaria o Trem-Bala, que ligaria Campinas ao Rio, passando por São Paulo. A obra seria entregue para a Copa de 2014. Não foi. O governador Cláudio Castro acaba de lançar um desafio a presidente: ele confirmou a expansão do metrô da Pavuna para Nova Iguaçu. Das duas uma: ou Castro sai eleito com o pé nas costas no ano que vem ou vira uma Dilma. Apostas na mesa”.
O que também gera questionamentos é o motivo de o Rio de Janeiro ter Linha 1, Linha 2 e Linha 4, pulando a Linha 3. Isso acontece porque a terceira linha existe. No papel, mas existe. “O projeto da linha 3 é o desenho da maior integração intermodal do Brasil. Planejada para ligar o Centro do Rio a Niterói, o metrô seguiria por um túnel a ser escavado por baixo da Baía de Guanabara. Do outro lado da Baía, a linha do metrô seguiria a antiga linha de trem, passando por Alcântara e chegando na Estação Guaxindiba”, frisa um texto da Casa Fluminense.
Um estudo da Casa Fluminense, que analisa questões pertinentes aos moradores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, destaca que: O sonho de um modal de transporte ferroviário que liga o Rio de Janeiro a Niterói e a região leste da Baía de Guanabara data de fins do século XIX, sob o reinado de Dom Pedro II, mas foi apenas em 1968 que o projeto original do metrô esboçou o trajeto conhecido hoje como linha 3. Na época, os ramais de trem já ligavam a Zona Oeste ao Centro da cidade. A Linha 1 do metrô iria da Zona Sul a Jacarepaguá, passando pelo Centro – onde acabou parando. A Linha 2 iria da Zona Norte ao outro lado da Baía de Guanabara, mas a ideia ficou pelo caminho.
“Não temos mais linhas de metrô porque o transporte público no Rio de Janeiro, quase nunca, foi levado a sério. Paramos nas promessas, nas construções mínimas de linhas. Fora o histórico domínio das empresas de ônibus em nossa cidade, que sempre dificultou a implementação de outros modais de transporte. O metrô é um dos sistemas mais seguros, rápidos, limpos e eficazes do mundo. Não faz sentido o Rio de Janeiro ter tão poucas linhas atendendo a tão poucas regiões”, afirma a urbanista Flávia Diniz.
A próxima, e última, matéria da série #AondeVamosParar? fala sobre a operação das barcas no estado do Rio de Janeiro.
O problema não está apenas no tamanho da rede metroviária, mas também nos horários de funcionamento. É inadmissível que os Metrô não funcione de madrugada em uma metrópole.
O governo do estado poderia aproveitar a lei do novo marco de ferrovias que o governo federal propôs e correr atrás de empresas que queiram, da sua própria lavra, implantar linhas de trem e metrô no Rio de Janeiro no modelo de autorização por 99 anos prorrogáveis. O povo quer transporte, se houver algum grupo que queira tomar o risco para construir, que se deixe. Não precisa de 1 real do Governo do Estado para isto.
Finalmente esse jornal falando a verdade sobre o Castro em alguma coisa. O sujeito passou por cima do metrô de São Gonçalo pra por um sistema de ônibus ruim e que não vai resolver nada só pra ter algo entregue té as eleições.
O ano que vem tem eleição, alguns dos candidatos deve gana para transporte de massa, não é possível que no Rio não tenha ninguém competente que trate de assunto com seriedade. Isso é muito triste.