Aperto na Saúde, mas Carnaval garantido: escolas de samba recebem quase R$ 26 milhões da Prefeitura do Rio

Três contempladas com R$ 2,15 mi abriram a quadra para a campanha eleitoral do secretário de Saúde e de Lula, além das que apoiam viés ideológicos do prefeito

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Carnaval Rio 2019 - Paraíso do Tuiuti - Gabriel Nascimento | Riotur

Enquanto a Saúde carioca fica com R$ 600 milhões a menos no caixa, a Prefeitura do Rio anuncia destino de R$ 25,8 mi a 12 escolas de samba do grupo especial, sendo que cada uma, receberá R$ 2,15 milhões igualmente. A cidade foi uma das afetadas com o corte nos repasses do Governo Federal para o orçamento de 2023, segundo a assessoria de imprensa, o que representou uma diferença de R$ 1 bilhão só para o município. Para compensar, o prefeito Eduardo Paes teria tirado dos cofres municipais cerca de R$ 400 milhões. A expectativa da Secretaria de Saúde é que, com a PEC da transição, o orçamento possa ser recomposto.

Segundo o vereador Pedro Duarte (NOVO), a quantidade seria quatro vezes maior a destinada em 2019, ano do prefeito antecessor Marcelo Crivella e em um período que o país não sofria com a pandemia de covid-19. “Paes endivida o Rio para as próximas décadas alegando que falta verba para o transporte, mas, ao mesmo tempo, continua aumentando o dinheiro para escolas de samba. Serão R$ 2,1 milhões por escola, incluindo algumas de outras cidades”, alerta Duarte.

Na lista de contempladas, entram a Paraíso do Tuiuti, que tem em sua história um acidente com carro alegórico onde cerca de 20 pessoas ficaram prensadas na Sapucaí; Vila Isabel, Imperatriz Leopoldinense, Salgueiro, Mangueira e as de fora da cidade como Grande Rio, de Duque de Caxias e escola que teria cedido espaço para o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, durante a candidatura a deputado federal na eleição deste ano; Beija-Flor de Nilópolis, também na Baixada Fluminense e a Viradouro, de Niterói.

A Unidos da Tijuca foi outra que esteve que abriu as portas para a campanha presidencial de Lula, parceiro político do prefeito do Rio e recebe a quantia. Assim como Portela, a do coração de Paes e que recebeu o petista no primeiro turno. Império Serrano e Mocidade também estão na lista.

Escolas que costumam trazer viés político em prol de aliados do Paes também serão agraciadas com o abono, inclusive, uma delas é a Beija-Flor que anunciou há um mês a ala “Comunismo: Ameaça Vermelha”, que ironizará o discurso da Direita que elegeu Jair Bolsonaro em 2018 e outras passagens da história como ascensão de Getúlio Vargas e o Golpe Militar de 1964.

Em nota, a Prefeitura do Rio alega que “o Carnaval voltou a ser tratado como a principal manifestação cultural do Brasil perante o mundo e também como um dos propulsores da economia da cidade. Levantamento divulgado pelo município, em fevereiro, mostrou que o Carnaval movimenta R$ 4 bilhões na capital e somente esse número seria suficiente para justificar qualquer investimento feito pelo município. Mas, além disso, o Carnaval fomenta uma indústria de 43 mil trabalhadores, distribuídos por 75 diferentes ocupações, nas escolas de samba e blocos de rua”.

Recentemente, a Prefeitura recorreu a um empréstimo de US$ 135,2 milhões obtido junto ao Banco Mundial que seria para impulsionar grandes investimentos no Rio. Sustentabilidade da cidade e sistema do Bus Rapid Transit (BRT) são dois dos itens que devem receber os recursos estrangeiros. O órgão ainda rebate que o destino da verba não tem a ver com apoio de algumas das escolas a interesses políticos de Paes.

De acordo com dados da Prefeitura do Rio, o carnaval da cidade movimenta R$ 4 bilhões por ano, sendo que a cada R$ 1 investido pelo órgão representa uma movimentação na economia da cidade de R$ 6, seja em renda direta ou indireta.

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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.

8 COMENTÁRIOS

  1. Tá sem pauta, “jornalista”?! Ahahaha Quanta idiotice sensacionalista! O tio vai te dar uma dica de matéria, mas vai dar trabalho, pois essa aí é fácil de qualquer um escrever! Todo ano um estagiário pública.
    Bem, vamos lá,.. Os desvios das verbas da saúde do RJ e os roubos e depedrações que acontecem dentro dos hospitais do município!
    Vai trabalhar!

  2. É mais uma vez a visão estreita que coloca finanças públicas como se fosse orçamento doméstico. Tem cadeira de economia no curso de jornalismo da UFRJ,mas acho que a colega passou colando ou não lembra mais dos conceitos… Papo de Crivella…

  3. Todo ano, as mesmas matérias tacanhas fazendo falsas equivalências entre investimento em cultura/turismo vs saúde/educação.

    Meu Deus! Não dá nem mais pra dizer que são paulistas escrevendo, porque os paulistas e os mineiros já estão investindo bastante no carnaval deles, descobrindo o dinheiro na mesa.

    Não somos um estado decadente a toa. Esses textos mostram isso.

  4. “Levantamento divulgado pelo município, em fevereiro, mostrou que o Carnaval movimenta R$ 4 bilhões na capital”

    A prefeitura acha que a gente é trouxa, a própria frase deles injustifica o investimento!! Se movimenta isso tudo mesmo, não precisam de R$ 12 milhões, alguma empresa privada daria o dinheiro com todo o prazer, tendo o retorno!

  5. Mais uma vez temos de vir a público para falar o óbvio. Todo ano sempre tem alguém dizendo que é o maior carnaval do mundo, que é a maior festa popular do mundo, do universo, da galáxia…

    Então porque que essa festa não consegue se financiar por conta própria!? Porque que essa festa precisa de dinheiro público? Alô alô ministério público: esse dinheiro dado à escolas de samba é sem razão e não é diferente em NADA se fosse dado à igrejas, se fosse dado a mim, a ti, a nós a vós a e eles. Tudo isso é errado e questionável.

    Não é porque o carioca gosta de sambar e porque o prefeito gosta de carnaval que ele pode pegar o tesouro municipal e sair distribuindo prebendas assim. Neste aspecto, certo foi o Crivella: cortou tudo e ainda houve carnaval.

  6. voltemos ao velho e desatualizado dilema: “tostines é mais gostoso porque vende mais ou vende mais porque é mais gostoso”?

    saúde e tretenimento são assuntos distintos e colocar o carnaval em oposição aquela é um despropósito enorme.

    o carnaval é preconceituosamente visto como “besteira, bobagem, falta do que fazer, festa de gente que não trabalha” etc.

    quem assim julga, esquece que ele é uma INDUSTRIA que movimenta milhões/ano e EMPREGA milhares de pessoas, direta e indiretamente.

    a mentalidade do carioca é tão tacanha, que não existe um calendário turístico anual com atividades que atraiam o turista de dezembro a dezembro.

    o carnaval deve ser tratado como um tema prioritário, como a própria saúde. se bem organizado, é uma fonte poderosa de dinheiro para o estado e municípios do grande rio, inclusiva para a própria saúde.

    a eterna “crise” na saúde, fruto de incompetência administrativa e má gestão, não pode ser colocada na conta do evento que injeta milhões de reais na economia fluminense.

    vade retro!

  7. Prioridades, né? Se Nervosinho administra sua conta bancária da mesma forma como gasta o dinheiro dos impostos municipais, não seria espantoso se o Serasa fosse um nome tão corriqueiro nas correspondências que recebe em casa.

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