Depois de enorme mobilização dos moradores de Botafogo para impedir o leilão da Casa de Afonso Arinos, no número 63 da Rua Dona Mariana, a prefeitura anunciou semana que, por por 10 milhões de reais, o imóvel será vendido diretamente ao Ministério da Cultura (MinC). O objetivo é transformar o espaço no Museu da Literatura Brasileira, sob gestão da Fundação Casa de Rui Barbosa, que é vinculada ao ministério.
Com lance mínimo de quase 3 milhões de reais, o imóvel onde viveu o jurista e político Afonso Arinos de Melo Franco iria a leilão no dia 17 de outubro. A ameaça da possível venda desacadeou protestos de moradores, intelectuais e da própria família de Arinos, que não desejavam ver a casa vendida para a iniciativa privada.
O escritor Cesário Mello Franco, neto do jurista, chegou a criar um abaixo-assinado e estava organizando uma manifestação na próxima sexta (29). “É uma casa do povo brasileiro. O que aconteceu ali precisa ser guardado para edificar o pensamento popular e o pensamento público”, disse ele, em entrevista ao RJ TV da TV Globo. A petição on-line chegou a reunir mais de 3.600 assinaturas em apenas três dias.
Um dos mais importantes homens públicos do Brasil, Arinos foi imortal da Academia Brasileira de Letras, ministro das Reações exteriores, senador e deputado federal, tendo feito história por ser autor da primeira lei contra discriminação racial no país, em 1951. O imóvel onde viveu foi tombado pela prefeitura em 1990, logo após sua morte.
Em 1995, durante a administração de Cesar Maia, a casa foi comprada pela prefeitura para sediar os órgãos de proteção ao patrimônio cultural da cidade, como informa uma placa ali colocada. Em agosto de 1996, a casa e sua biblioteca foram abertos ao público.
“O próprio Afonso Arinos queria que ela fosse aberta à população. Se fosse para vender, ele teria feito isso e ficado com o dinheiro”, disse à TV Globo a presidente da Associação de Moradores de Botafogo, Regina Chiaradia.