Após três décadas, Prefeitura volta a ‘caçar’ emaranhados de fios que enfeiam a cidade

Desde o projeto Rio Cidade, que enterrou a fiação suspensa em diversos bairros, nada de concreto se fazia para livrar o Rio dos riscos e da feiúra extrema do excesso de fios nos postes da cidade

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Centro e áreas que não contempladas pelo Rio-Cidade permanecem repleta de fios, após 30 anos e situação preocupa cariocas e comerciantes

Amanda Raiter

Trinta anos depois do Programa Rio-Cidade ser iniciado e provocar várias intervenções urbanísticas pela cidade que marcaram época, incluindo a construção de galerias subterrâneas para a passagem e enterramento de fios e cabos de telefone e energia elétrica, regiões como o Centro Histórico do Rio ainda sofrem com excesso de fios pelos ares, muitos dos chamados cabos mortos, ou seja, que não tem mais utilização ou serventia e ainda comprometem a distância necessária entre as redes de elétrica e de telecomunicações. “Até corta o clima quando vemos um imóvel estilo francês, mas com aquele espaguete preto que atrapalha de no ter os contornos. Além disso, é mais fio para se soltar em uma chuva forte, por exemplo, e causar acidente. Em Ipanema, quando tiraram, foi um alívio visual e até da concentração de pombos que ficava”, conta a vendedora Patrícia Albuquerque, de 31 anos. No Centro, é comum ver-se sacadas dos sobradinhos tomadas por fios e mais fios que ninguém sabe se estão ou não sendo utilizados: há casos em que dezenas de fios atravessam as sacadas de 10 ou 15 predinhos em seqüência, inutilizando-as e enfeiando bens que são tutelados por órgãos de patrimônio.

Além de causar poluição visual em cartões-postais como prédios neoclássicos, imperiais e coloniais que ficam encobertos pela fiação, há perigos como acidentes e a possibilidade de curto-circuito, ainda mais quando há as instalações clandestinas no local, também chamadas de “gatos”. Em cidades como Belo Horizonte, o Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-MG) vem debatendo o tema e já há Projeto de Lei na Câmara da capital mineira para resolver esta questão. Se for aprovado, deve inspirar cidades de todo país a se adequarem à norma da ABNT (NBR 152-14:2005), em especial, aos fios sem utilidade. Para o comerciante Tadeu Lopes, de 57 anos, a medida é essencial e salva vidas. “Ainda somos surpreendidos por pessoas que são eletrocutadas, fios que caem sob carros, entre outros. E tudo desnecessário. Fora a feiura. Turistas fazem tour pelo Centro e conferem esses fios desorganizados”, questiona.

Proximo ao distrito naval. Foto Daniel Martins 3 Após três décadas, Prefeitura volta a ‘caçar’ emaranhados de fios que enfeiam a cidade
Nos arredores da Orla Conde, que foi modernizada e batizada com nome de um dos ex-prefeitos do Rio-Cidade, fios atrapalham ver detalhes da arquitetura (Foto: Daniel Martins).

Pelo subúrbio da Zona Norte, a Rua Ana Neri, no Rocha, também está com a situação “enrolada” com os fios por não ter sido contemplada pelo Rio-Cidade. Em alguns postes, pode-se observar que o resíduo da fiação em uso é mantida, como um imenso caracol deixado na ponta. Questionada, a Rioluz informa que está em atuação para reduzir a quantidade de fios expostos, na Operação Caça Fios, que abrange toda a cidade do Rio com base em um cronograma montado pelas subprefeituras em bairros onde não há fiação em galerias subterrâneas, como Santa Teresa e Laranjeiras.

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Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.
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2 COMENTÁRIOS

  1. RioLuz… trabalhando? Ah tah bom, senta lá Cláudia… Falaram um qualquer coisa pra não ficar feio aos microfones. Depois que concederam a iluminação pública, podiam aproveitar pra fechar a RioLuz, economizando salários e impostos do contribuinte carioca.

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