Se nós somos capazes de esquecer coisas recentes da história carioca, ou vocês conseguem se lembrar da Barra 20 anos atrás? Imagine de algumas pessoas que fizeram o Rio de Janeiro mas já faleceram há quase 50 anos? É o caso de Archimedes Memoria, e todos devem ter falado: : “Quem?”.
Foi um arquiteto nascido no Ceará e que mudou para o Rio com 18 anos para estudar nas Escola Nacional de Belas Artes. E é dele o projeto de muitos pontos do Rio de Janeiro. Como:
- Palácio Pedro Ernesto (Câmara dos Vereadores)
- Sede do Hipódromo da Gávea, o Jockey Club
- Sede do Botafogo
- Museu Histórico Nacional
- Igreja de Santa Teresinha no Túnel Novo
- Rio Cassino, no Passei Público
- Altar Mór da Igreja da Candelária
- Palácio Tiradentes, sede da ALERJ
Memoria também participou de um momento de disputa no concurso para anteprojeto da sede do Ministério da Educação e Saúde – MES, que acabou sendo feito por Lucio Costa, Niemeyer e outros. Veja só:
O projeto vencedor, de Memória, é marcado pela simetria, composição em planos escalonados, contraste entre linhas horizontais e verticais, com ênfase nestas últimas, predominância de cheios sobre vazios e a utilização de elementos decorativos inspirados nos motivos geométricos da cerâmica indígena da Ilha de Marajó. O projeto, entretanto, realizado num concurso cujo objetivo é dar forma à ação civilizadora daquele ministério não entusiasma alguns membros do júri, entre eles Batalha e Palladini, que o consideram inadequado para o programa a que se destina. Capanema, por sua vez, decepcionado com o resultado encomenda pareceres sobre o projeto ao ministro Maurício Nabuco (1881 – 1979), ao engenheiro Fernando Saturnino de Brito (1914 – 196-) e ao inspetor de engenharia sanitária do MES, Domingos da Silva Cunha, que também o desaprovam. Fundamentado nesses pareceres, Capanema paga a premiação a Memória e solicita uma autorização ao presidente Getúlio Vargas (1882 – 1954) para contratar Lucio Costa para o desenvolvimento de um novo projeto, que é realizado por Carlos Leão, Reidy, Jorge Moreira, Ernani Vasconcellos (1909 – 1988) e Oscar Niemeyer (1907), com a colaboração de Le Corbusier (1887 – 1965). Diante dessa reviravolta, Memória escreve, em vão, uma carta ao presidente Vargas, acusando de comunistas esse arquitetos, que afinal conseguem vincular suas propostas ao governo, naquele que é o principal responsável por traçar as novas diretrizes culturais da nação, o Ministério da Educação e Saúde.
Fica meus parabéns ao deputado estadual, João Pedro, pela proposta de homenagear “post mortem” com o título de cidadão do Estado do Rio de Janeiro este arquiteto que desenhou alguns dos cartões postais de nossa cidade.
Leia mais sobre Archimedes Memoria no Itaú Cultural e no blog de seu neto, Ignez Ferraz.
Foto: Palácio Tiradentes por Bruno Fontes