Ato contra vandalismo ao busto em homenagem a líder quilombola foi realizado em Magé neste sábado

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Busto de Maria Conga em Magé (Foto: Prefeitura Magé)

Neste sábado (30), autoridades de Magé e lideranças do movimento negro se uniram para um importante ato contra a intolerância e o vandalismo em dois marcos históricos da cidade: o busto da líder quilombola Maria Conga e o obelisco do Pelourinho mageense.

A ação é uma resposta ao segundo ataque contra o busto da quilombola no Píer de Piedade, que ocorreu às vésperas do feriado de Zumbi dos Palmares e Dia da Consciência Negra, quando vandalizaram a instalação colocada pela Prefeitura em 2021. No primeiro ato, ao som da Associação de Capoeira Projeto Farol da Bahia, foi colocada a nova placa no busto que conta a história e significado da guerreira quilombola que é símbolo de resistência, liderança feminina, acolhimento e inspiração que gerou as comunidades do entorno. A estrutura do busto agora conta com uma intervenção do artista plástico que vive na cidade, Paulo Garrot, dando um destaque ainda maior à paisagem turística do Píer de Piedade.

E as organizações Movimento Negro Unificado, Instituto Internacional Carta Magna da Umbanda, entre outras lideranças religiosas de matrizes africanas se uniram nesse ato de enfrentamento. Ana Claudia Torres, representando o Ilê Axé Omi Mimo, destacou a representatividade diversa da histórica líder quilombola. “Reverenciar Maria Conga hoje no Píer de Piedade é um ponto de muita importância, de muita relevância, tanto que nós, como povos de matrizes africanas, estamos aqui representando a nossa cultura, o nosso povo, para reverenciar essa mulher que foi um ícone no nosso município e no nosso país”, reforça.

A segunda etapa do ato foi no Centro do primeiro distrito, no obelisco que marca o Memorial do Pelourinho de Magé na Avenida São José de Anchieta, em frente à Fundação de Cultura e Turismo. Esse é um marco instalado na época pelo Padre José Luiz Montesano e remonta o possível local onde estava situado o pelourinho e também tem sua representatividade sobre a história dos escravizados que participaram ativamente da construção de Magé. O historiador mageense Carlito Lopes contou sobre o simbolismo do local e aproveitou o momento para refletir. “Esse é um momento muito importante para pensarmos e repensarmos o nosso município dentro do contexto da diáspora africana, até mesmo porque nosso município através do Porto da Piedade e do porto grande de Magé (Porto de Estrela) foram grandes pontos de chegada dos escravizados”, aponta o pesquisador. 

Os momentos marcaram o encerramento das comemorações, mas ficam para todos os dias as reflexões que levantam o mês da Consciência Negra. “E nesse ato extremamente simbólico, e também extremamente importante, traz uma reflexão necessária: estamos aqui celebrando a identidade do nosso povo. Maria Conga é uma referência, ela foi uma líder do movimento negro do Brasil contra a escravidão, uma mulher que acolheu aqueles que de alguma forma fugiam desse cenário, desse momento tão triste da nossa história, e é uma mageense. Estamos aqui celebrando Maria Conga, celebrando a nossa identidade e trabalhando, sobretudo, para conscientizar a população que esse espaço aqui, ele traz e reserva a nossa memória e a nossa identidade. É nosso dever cuidar dele, preservar e divulgar a importância dessa figura tão necessária para a nossa História”, afirma o secretário de Cultura, Turismo e Eventos, Bruno Lourenço.

A vice-prefeita, Jamille Cozzolino, aproveitou o evento para anunciar uma novidade. “Pela segunda vez esse vandalismo aqui no Píer de Piedade, no monumento de Maria Conga, essa figura tão emblemática, tão importante para nossa cidade. A gente fica muito triste, mas nossas equipes trabalharam prontamente pela revitalização do monumento. E vamos inaugurar na próxima semana mais um busto da Maria Conga, na praça que fica no bairro Maria Conga”, finaliza. 

O busto é uma obra da artista mageense Cristina Febrone e exalta a história dessa líder guerreira. Maria Conga chegou ao Brasil escravizada e retirada de seu país de origem, o Congo. Ela nasceu em 1792, filha de um rei africano, mas foi embarcada em um navio negreiro que a trouxe para a Bahia em 1804. Aos 18 anos, Maria Conga foi vendida a um senhor de engenho de Magé e, aos 24 anos, foi comercializada novamente. Teve sua alforria decretada aos 35 anos, quando fundou o quilombo Maria Conga, reconhecido pela Fundação Palmares na cidade, para proteger, ajudar e cuidar dos negros que fugiam das senzalas da região. Ambos os locais são abertos ao público para visitação. No Píer de Piedade, onde está instalado o busto, os visitantes podem curtir uma vista diferenciada da Baía de Guanabara, como uma boa opção para passear em família. E quem passar pelo Memorial do Pelourinho, pode aproveitar para visitar a Fundação de Cultura e Turismo de Magé, que tem a Biblioteca Renato Peixoto, oficinas, e está aberta de segunda a sexta das 9h às 17h.

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