Ato de repúdio à Ditadura busca transformar antiga sede do ‘DOI-Codi’, na Tijuca, em Museu da Memória

Manifestantes se reunirão na tarde desta quinta-feira (27/03) na Praça Lamartine Babo, onde está localizado um busto em homenagem a Rubens Paiva, que foi torturado no antigo centro de repressão

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Antiga sede do DOI-Codi, na Tijuca

Daqui a pouco, às 15h, manifestantes se reunirão na Praça Lamartine Babo, na Tijuca, para um ato de repúdio à ditadura militar. Intitulado “Ocupa Rubens Paiva: Tortura Nunca Mais”, o evento marca a segunda vez que grupos de direitos humanos, movimentos sociais e sindicatos se encontram no local, que está a poucos metros da antiga sede do DOI-Codi – atual 1º Batalhão da Polícia do Exército. O ato é organizado pela Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge) e pelo Sindicato de Engenheiros do Estado do Rio (Senge-RJ), com o apoio de diversas entidades, incluindo sindicatos, mandatos parlamentares e organizações de direitos humanos.

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A praça, além de ser o cenário de lutas por justiça, conta com um busto em homenagem a Rubens Paiva, um dos principais símbolos das vítimas da repressão durante o regime militar. A história de Paiva, que foi torturado e desapareceu nas mãos do DOI-Codi, foi imortalizada no filme premiado pelo Oscar Ainda Estou Aqui.

Conversão em ‘Museu de Memória’

O ato busca não apenas lembrar as atrocidades cometidas pelo regime militar, mas também pressionar o poder público para a transformação da antiga sede do DOI-Codi em um Museu da Memória. O objetivo é preservar a história das vítimas da ditadura e garantir que os horrores vividos por aquelas pessoas nunca sejam esquecidos. Como parte do evento, as deputadas estaduais Dani Balbi (PCdoB), Verônica Lima (PT) e Marina do MST (PT) entregarão uma moção de louvor à família Paiva, em reconhecimento à luta pela justiça e pela memória histórica.

A primeira manifestação, realizada em janeiro deste ano, também aconteceu em frente ao 1º Batalhão, com os participantes pedindo o tombamento do prédio para sua conversão a museu. Durante os anos de operação do DOI-Codi, entre 1970 e 1979, o centro de repressão foi responsável por inúmeras violações dos direitos humanos, como torturas, assassinatos e desaparecimentos forçados, com o objetivo de eliminar qualquer forma de oposição ao regime militar.

DOI-Codi

Criado sob a liderança do general Siseno Ramos Sarmento, comandante do I Exército, o DOI-Codi tinha como missão combater os chamados “inimigos internos” do regime, aqueles que eram considerados uma ameaça à segurança nacional. No entanto, o centro foi utilizado para infligir brutalidade aos opositores do regime, com métodos de tortura extremamente cruéis. Entre os diversos relatos de abuso, destaca-se o uso da “geladeira”, uma cela de baixíssima temperatura onde os presos eram isolados e submetidos a uma tortura psicológica insuportável: o som de uma turbina de avião, conhecida como “caixinha de música”.

A desativação do DOI-Codi ocorreu durante o governo de João Figueiredo, em 1979, por meio de uma “portaria reservada”, um ato administrativo não publicado, assinado pelo então ministro do Exército, general Valter Pires. Apesar disso, a repressão e o controle militar não cessaram, já que a “Segunda Seção”, a divisão de inteligência do Exército, assumiu o papel de vigilância e repressão, mantendo os métodos de controle.

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8 COMENTÁRIOS

  1. Eu, minha família, amigos e vizinhos, nunca vimos nada demais nessa época, pelo contrário, tínhamos saúde, educação e segurança. Havia empregos em qualquer segmento de trabalho. Tenho 73 anos e, pra mim, foi uma época de ouro.

  2. Que ditadura?

    Era delícia armada tocando terror no país. Grupos como ALN MR8 VPR PCdoB etc mataram, roubaram, sequestraram embaixador, e explodir o bomba no aeroporto de Recife, explodir bomba no consulado americano em São Paulo. Ali, minha ninguém era um anjinho.

    • Essa classe de militar precisa urgentemente de uma educação pautada no civismo como servidores públicos e não de conspiradores, que se acham alguma coisa que não são. Punição exemplar pra quem conspira já é um começo.

  3. Temos que ter um museu para guardar as lembranças desta desgraça que passamos no país, o maior absurdo foi anistia ampla para esta corja de bandidos fardado

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