Azulejos referentes a Allah na Escadaria Selarón serão reposicionados

A decisão foi tomada em atenção a um pedido da comunidade muçulmana no Rio e de guias turísticos que trabalham na região

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A Prefeitura do Rio, através do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e da Coordenadoria Executiva de Diversidade Religiosa, decidiu reposicionar 6 azulejos com inscrições árabes referentes à Allah que se encontram ao alcance dos pés na Escadaria Selarón, na Lapa. A decisão foi tomada em atenção a um pedido da comunidade muçulmana no Rio e de guias turísticos que trabalham na região. A medida foi comunicada em reunião, realizada na tarde desta quarta-feira (27).

Por se tratar de uma obra de arte e de um bem tombado havia necessidade de sustentar a decisão na lei e tomar uma medida que não interferisse muito no estado em que o artista deixou sua obra. Por isso, quando levamos ao Conselho, foi entendido que se tratava não só de uma questão de patrimônio cultural. O próximo passo é os órgãos da prefeitura se reunirem para ver, tecnicamente, como será feita a remoção, a realocação e a reposição nas lacunas que ficarão com a retirada dessas 6 peças”, explicou a presidente do IRPH, Laura Di Blasi.

A demanda pelo reposicionamento dos azulejos que fazem parte da Escadaria Selarón surgiu no ano passado, após uma visita à obra por um turista e influenciador digital da Arábia Saudita, que verificou a existência de azulejos próximos ao chão com inscrições referentes à Allah, palavra árabe que significa Deus. O pedido de realocação foi reforçado pela Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro e pela Liga Independente dos Guias de Turismo do Rio de Janeiro. Segundo os preceitos da religião muçulmana, o posicionamento dos azulejos não seria adequado, pois objetos que contenham o nome de Deus não poderiam ficar próximos ao chão, onde podem ser pisados. 

Para nós, essa mudança significa tudo porque tudo que diz respeito a Deus é muito importante para nós. As pessoas podem fazer qualquer coisa, não jejuar, não rezar, não praticar a religião. Essa decisão é muito importante e irá estreitar nossa relação com a prefeitura porque estamos vendo o interesse em tentar solucionar um problema nosso”, afirmou Mohamed Zeinhom Abdien, presidente da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro – SBMRJ.

Por se tratar de uma obra de arte e um bem tombado em 2005, a intervenção sugerida para a escadaria  precisou ser analisada e aprovada pelo Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro.  A Coordenadoria Executiva de Diversidade Religiosa também deu parecer na medida. Com a aprovação, realizou-se a reunião de hoje, que teve o objetivo de discutir a intervenção, decidindo os novos locais para onde os azulejos serão realocados, todos em altura acima da cabeça dos visitantes. 

“O Rio de Janeiro precisa incentivar cada vez mais o respeito à diversidade religiosa. Eu, por exemplo sou judeu e vejo essa mudança com alegria porque significa respeito a uma religião. Além disso, esse tipo de movimento vai ser visto com tão bons olhos que vai atrair mais turistas para a cidade. Esse pode ser um grande exemplo que podemos dar ao mundo, ainda mais agora que acabamos de ver Exu sendo campeão do desfile das escolas de samba”, declarou Arnaldo Bichucher, presidente da Liga Independente dos Guias de Turismo do Rio – LIGUIA.

Os azulejos serão colocados numa parte da escadaria Selarón onde ainda existe uma parede branca, numa posição privilegiada para a visualização das peças. A reunião contou com a presença de representantes da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, da Comunidade Muçulmana Ahmadia do Rio de Janeiro, da Liga Independente dos Guias de Turismo/RJ, da Rio Arqtours, do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, da Secretaria de Conservação e da Coordenadoria Executiva de Diversidade Religiosa.

A Escadaria do Convento de Santa Teresa, mais conhecida como “Escadaria Selarón”, tem 125 metros de comprimento e 250 degraus. São mais de 2.000 azulejos coloridos colocados pelo artista chileno Jorge Selarón, criador da obra. De acordo com a RioTur, a obra é a terceira atração mais buscada pelos turistas, atrás somente do Cristo Redentor e do Pão de  Açúcar.

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1 COMENTÁRIO

  1. Quero saber se também estarão proibidas as artes com desenho de mandalas em toalhas de banho, de praia, tapetes etc.
    De origem indiana, houve uma apropriação cultural do símbolo pelo ocidente.
    Na Índia há toda uma significação e respeito como tratado cada objeto ou lugar que tenha mandala representada.
    Aqui o brasileiro pega, senta a bunda, deita em cima…

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