A região com maior oferta de escritórios da cidade – até por ter sido exclusivamente comercial por décadas, o Centro do Rio, parece ter o caminho mais que aberto para receber mais e mais novas empresas em 2025, após alguns anos de marasmo. Se seguirmos os números de 2024, quando o mercado de escritórios de alto padrão do Rio teve seu melhor desempenho em cinco anos, segundo a consultoria especializada Colliers, a tendência para a Região Central é de crescimento imobiliário. A taxa de vacância na região conhecida como Orla (Glória, Flamengo e Botafogo) ficou abaixo dos 10%, o que é considerado extremamente positivo para o Centro.
Após uma virtual ocupação total dos escritórios de alto padrão nos bairros de Ipanema e Leblon, as empresas e profissionais direcionaram seus olhares para a região conhecida como Orla. “Os valores de locação dos pouquíssimos escritórios vagos de Ipanema e Leblon beiram os 300 reais por metro quadrado”, explica Lúcio Pinheiro, da Sérgio Castro Imóveis. A raridade e os preços altíssimos empurraram as empresas pra Botafogo, Flamengo, Glória e Copacabana, que agora, segundo o profissional, já atingiram também valores expressivos que por vezes passam dos 200 reais por metro quadrado, ensina. Isso empurra as empresas para a região Central, que tem farto transporte, boa logística e preços bem mais baixos.
“Para os próximos trimestres, nossa perspectiva é que as empresas optem pela região central, dado o baixo nível de vacância na Orla. Esperamos que os preços de locação apresentem pouca variação em relação ao ano anterior”, afirma Paula Casarini, CEO da Colliers, com discurso que se coaduna ao de Pinheiro.
A tendência reflete o comportamento de muitas empresas no período pós-pandemia, especialmente com o retorno das atividades presenciais, que se tornaram novamente a regra. A proximidade da área que a Colliers batiza de “Orla” com os aeroportos, repartições públicas, grandes empresas e sedes de multinacionais e bancos faz dessa área um polo atrativo, assim como o Centro do Rio. Quem escolhe a região da Glória, Flamengo e Botafogo para implantar uma empresa dificilmente trocaria a praticidade da proximidade do Centro por áreas como o Leblon ou a Barra da Tijuca, que apresentam características e interesses mais distantes dessa funcionalidade. A tendência da grande ocupação na Zona Sul induzir a uma maior ocupação no Centro já havia sido revelada pelo DIÁRIO em 2024.
Em relação ao levantamento de 2024, o mercado de escritórios no Rio teve uma queda considerável no espaço vazio, com uma expressiva redução de 50 mil metros quadrados nas áreas desocupadas — o equivalente a mais de seis campos de futebol. Isso contribuiu para a diminuição da taxa de vacância de 28% para 25% na cidade, segundo a Colliers. Os números da Sérgio Castro são um pouco menores, 21%. As principais locações do último trimestre de 2024 foram para empresas dos setores público, de energia e de seguros.
O fim da pandemia tem trazido consigo o fim gradual da modalidade de trabalho em “home office”, tendo em vista a vontade das maiores empresas do mundo em eliminar uma forma de trabalho que vêem como ineficiente e prejudicial. Foi assim com Google, Dell, Amazon, J.P. Morgan, Goldman Sachs, Disney e tantas outras. Porém, muitos empregados ainda resistem e, principalmente, no setor público, onde retirar privilégios é sempre um problema. Mas os fortes avanços dos últimos 2 anos em direção à normalidade têm cada vez mais contribuído para uma cada vez maior ocupação dos escritórios, principalmente os de mais alto padrão.
A crise, porém, continua afetando duramente os prédios de escritórios mais antigos, que, segundo a Sérgio Castro, beiram os 60% de vacância na região Central, onde esperam pelos reflexos da chegada dos novos moradores trazidos pelos quase 10.000 novos apartamentos lançados com o advento do projeto Reviver Centro. Para Pinheiro, as salas em prédios antigos se tornaram um problema que só é amenizado nos casos de imóveis com vista bonita e em perfeito estado de conservação, citando também a nova tendência de locar salas e conjuntos mobiliados.
Alguns prédios dos mais antigos tem se tornado mistos ou residenciais, como é o caso do Visconde de Inhaúma 50, o Edifício Amazônia. Lá, salas já tem sido reformadas e alugadas como apartamentos. Outro que está recebendo novos inquilinos para residir é o Sete de Setembro 63, Edifício Lapa dos Mercadores, entre as ruas da Quitanda e Rodrigo Silva.
Como não tem ocorrido a entrega de novos prédios comerciais em 2024 – o que já é esperado tendo em vista a grande oferta, o inventário total de escritórios de alto padrão no Rio permaneceu em 1,7 milhão de metros quadrados, o que também ajuda na redução da vacância. Para 2025, a previsão é que não haja novos lançamentos de grandes empreendimentos, mas que o ritmo de recuperação do mercado continue forte ao longo do ano, consolidando o Centro como a principal escolha para empresas em busca de boas condições de infraestrutura, preço e localização.
O Comentário do Santiago é muito mais apropriado e real.
Centro só irá gerar interesse pela escassez, nunca pela qualidade. Isso não é oportunidade.
Quanto aos prédios mais antigos, existe uma coisa chamada RETROFIT – que os torna bem mais atuais e de acordo as demandas de hoje.
Não sai barato, porém é compensado e pago em pouco tempo pela excelente localização dos prédios.
Uma prática muito comum nas grandes cidades europeias, aonde precisa-se conciliar a arquitetura de prédios muito antigos com as demandas contemporâneas.