A marca “Bar Luiz”, um dos estabelecimentos mais tradicionais do Centro do Rio, irá a leilão. Em fevereiro de 2020, o bar entrou em Recuperação Judicial. O leilão será no próximo dia 26, às 14h na modalidade online através deste link. O Bar Luiz funcionava em imóvel alugado.
“Estamos na torcida para que seja adquirido por uma pessoa que dará continuidade à sua tradição, que é parte da história da cidade do Rio de Janeiro e de muitas famílias também. Um brinde a boemia e aos bons costumes! Até breve.”, diz a publicação do bar nas redes sociais.
História do bar
O Bar foi aberto em 3 de janeiro de 1887, durante o Segundo Reinado, no número 102 da Rua da Assembleia. Fundado por Jacob Wendling, o Bar Luiz chamava-se originalmente Zum Schlauch (“À Mangueira” ou “À Serpentina” em alemão), uma referência ao fato de, ali, vender-se chope que circulava dentro de uma serpentina imersa no gelo antes de servido.
Apesar de continuar na mesma Rua, em 1901, o Bar Luiz mudou de endereço por conta de problemas na renovação do aluguel. Passou para o número 105 da Rua da Assembleia. À época, o bar também mudou de nome, passando a chamar-se Zum Alten Jacob (“Ao Velho Jacob”), uma homenagem ao velho Jacob, o fundador de origem judaica, que já estava retirando-se dos negócios e havia passado a direção do bar para seu afilhado, Adolf Rumjaneck.
No ano, 1908, o fundador foi para a Suíça e Adolf assumiu a direção do estabelecimento. Escritores João do Rio e Olavo Bilac eram clientes e faziam companhia ao novo “diretor”.
Em 1915, uma lei de valorização da língua portuguesa obriga a nova mudança no nome do Bar, que passa a se chamar Bar Adolph.
Adolf, com problemas de saúde, convida o austríaco Ludwig Vöit para sócio. Em 1926, com a morte de Adolf, Ludwig assume a direção do Bar e também a tutela da filha de Adolf, Gertrud Rumjaneck.
Em 23 de fevereiro do ano seguinte, novamente por problemas na renovação da locação, o Bar muda novamente de endereço, se transferindo para seu endereço atual, no número 39 da Rua da Carioca, que pertencia originalmente à Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, associação de fiéis católicos com sede no Morro de Santo Antônio.
No ano de 1942, por conta da Segunda Guerra Mundial e dos movimentos antifascistas no Brasil, o Bar foi ameaçado de ser destruído por estudantes do Colégio Pedro II, que imaginavam que o nome do estabelecimento era uma homenagem a Adolf Hitler. Contudo, por conta do episódio, Ludwig naturalizou-se brasileiro e adotou o nome de Luiz.
Em 1955, Luiz Vöit afasta-se da direção do estabelecimento, que é assumida pela herdeira de Adolph, Gertrud, e o marido dela, Alfons Kurowsky. Com a morte de Alfons, a viúva e seu filho, Bruno Kurowsky, passam a dirigir o estabelecimento. A clientela, na década de 1960, incluía personalidades da cultura carioca (e nacional) como Ziraldo, Jaguar e Sérgio Cabral (pai).
No mês de dezembro de 2011, o prefeito Eduardo Paes assinou o Decreto de Cadastro dos Bares Tradicionais, conferindo a onze botequins, dentre eles o Bar Luiz, o status de Patrimônio Cultural da Cidade. Desde 2020, o bar passa por dificuldades, chegando a ter falência decretada pela Justiça.
Quando os alunos do D.Pedro2 invadiram o bar foram demovido da idéia por Ary Barroso. Trabalhei no estabelecimento e a cada dia descobria encantado as histórias do Bar Luiz.