A marca do Bar Luiz, um dos ícones culturais do Rio de Janeiro, vai a leilão novamente com um preço inicial reduzido. Após não despertar interesse na primeira tentativa, quando o valor de partida era de R$ 1.189.883,30, o montante agora caiu para R$ 594.941,65. Caso continue sem propostas, o preço será reduzido ainda mais para R$ 118.988,33 no próximo leilão, marcado para 12 de dezembro. As informações são de Lu Lacerda/Veja Rio.
O Bar Luiz, fundado em 1887, enfrentou dificuldades financeiras severas nos últimos anos. Em 2020, o estabelecimento entrou em recuperação judicial, mas as tentativas de reerguê-lo não tiveram sucesso, levando ao leilão de sua marca, que carrega um legado histórico e cultural para os cariocas.
Uma história marcada pela tradição e pela reinvenção
Originalmente chamado Zum Schlauch, o bar foi fundado por Jacob Wendling no número 102 da Rua da Assembleia. À época, destacou-se como a primeira cervejaria do Rio de Janeiro, servindo como ponto de encontro para apreciadores da bebida. Em 1915, devido à legislação que buscava valorizar a língua portuguesa, o nome foi alterado para Bar Adolph, mantendo sua relevância no cenário cultural carioca e atraindo personalidades como João do Rio e Olavo Bilac.
Em 1936, o bar foi transferido para a Rua da Carioca, consolidando-se como um dos locais mais emblemáticos da cidade. No entanto, o contexto histórico da Segunda Guerra Mundial trouxe novos desafios. Em 1942, no auge dos movimentos antifascistas no Brasil, o nome Bar Adolph levantou suspeitas de simpatia ao regime nazista. Estudantes do Colégio Pedro II chegaram a ameaçar destruir o local, acreditando que homenageava Adolf Hitler.
O episódio foi contornado graças à intervenção do compositor Ary Barroso, que impediu qualquer dano ao estabelecimento. Pouco depois, o proprietário do bar, Ludwig, naturalizou-se brasileiro, adotando o nome Luiz, que daria origem à denominação atual.
Patrimônio cultural ameaçado
Reconhecido como patrimônio cultural da cidade desde 2011, o Bar Luiz simboliza não apenas a tradição da boemia carioca, mas também a capacidade de reinvenção diante das adversidades históricas e econômicas. Contudo, o futuro do legado está em jogo com a falta de interessados no leilão de sua marca.
Especialistas em cultura e economia local apontam que a crise enfrentada por negócios históricos como o Bar Luiz reflete as dificuldades econômicas que abalam o setor de gastronomia e entretenimento no Brasil, especialmente após a pandemia.
Se não houver interessados até o próximo leilão, marcado para 12 de dezembro, a marca poderá ser vendida por valores que representam apenas 10% do lance inicial. O destino do bar e de sua memória cultural depende, agora, de um comprador disposto a assumir o desafio de preservar este patrimônio.