No Brasil, há aproximadamente 2700 livrarias. Convenhamos que é absurdamente pouco para o tamanho do país e da população. Escrevo essa coluna diretamente da sala de imprensa da Bienal do Livro do Rio de Janeiro 2023. Um evento grandioso e lindo que estimula profundamente leitores de todas as idades. Estive exatamente em uma conversa sobre isso, no Café Literário. O título era “Livros que me (trans) formaram”. Estavam presentes a escritra, Iris Figueiredo; o Livreiro e Entusiasta Cultural Ivan Costa; o autor Henrique Rodrigues; e a jornalista e editora Claudia Lamego, na mediação.
O papo fluiu com muita emoção, em especial quando Henrique chamou uma professora de seus tempos de criança ao palco, para que fosse aplaudida. Afinal, os professores são os grandes mediadores que plantam a semente da leitura e do conhecimento. Por outro lado, Iris Figueiredo falou de como um encontro com a, na época iniciante, escritora Thalita Rebouças, em uma bienal, mudou seu caminho. E hoje é escritora. Ivan Costa trouxe a força e a disposição de quem abriu uma livraria na Zona Norte do Rio, em pleno Méier.
Todos contaram histórias sobre as diferenças que os livros fizeram em suas vidas. O poder do livro é surreal, não pode ser subestimado e precisa ser sempre motivado. Eventos como a Bienal, em todo seu poderio midiático e gigante, são pólos de criação de leitores, formam e inspiram gerações. Mas isso deve ser também estímulo para que o poder público fortaleça as livrarias, os livros, das formas que forem possíveis. Afinal, é essencial para o Brasil uma educação de acordo com nosso potencial.
Celular em uma mão e livro no outro na Bienal
Foi maravilhoso, como jornalista, poeta e escritor, chegar na Bienal e ver a quantidade de crianças, professores e estudantes lotando o evento, comprando livros. Ansiosas para ler, sentadas em lugares diversos, tirando fotos e até enfrentando filas. Celular em uma mão, livro no outro.
Alguns pais insistem em pedir para que os filhos leiam. Mas a galera aprende muito é através do exemplo. É vendo você lendo, é indo em eventos como esse e vivenciando a energia dos livros, a magia. Pessoalmente, gosto sempre de ir no Artist’s Alley, e na área dos independentes. Valorizo as histórias em quadrinhos, pois sem elas eu não teria aprendido a ler tão bem e tão rápido e nem seria jornalista hoje.
Muitas pessoas tiveram sua introdução à leitura pela primeira vez na Bienal do Livro Rio. Por isso, o programa social de Visitação Escolar, adotado pela organização do festival nos anos 2000, continua sendo um dos fundamentos do evento. Nesta edição, que celebra seus 40 anos e foi reconhecida como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial da cidade, o maior festival de literatura, cultura e entretenimento do país recebe mais de 100 mil alunos da rede pública. Este número é inédito, assim como o aporte de R$ 13,5 milhões destinado pelas secretarias municipais e estaduais de Educação para a compra de livros para os estudantes e profissionais da rede municipal de ensino do Rio. No primeiro fim de semana, recorde de vendas. Por fim, ver tudo que uma Bienal do Livro gera, e todo esse grande número de visitantes mostra que temos sim público para o livro e para novas livrarias no Brasil, falta só estimular. E você, já leu algum livro hoje?