Às vésperas de estrear no circuito nacional o filme ‘It, a coisa’ inspirado no livro ‘It – uma obra prima do medo’ de Sthephen King, o cinema brasileiro nos presenteou com a joia chamada ‘Bingo – O Rei das Manhãs’ que estreou na última quinta 24-08. A história, em parte real e em parte ficção, narra a trajetória de Arlindo Barreto, um dos que interpretaram o Bozo brasileiro, interpretado com maestria e intensidade por Vladimir Brichta. O personagem foi sucesso nos anos 80 nos EUA, onde nasceu, e chegou ao Brasil exatamente no ano de 1980 e ficou no ar até 1991 no SBT.
Apesar de o longa dar a impressão de que Arlindo foi o primeiro Bozo, na verdade ele foi o segundo depois de Wanderley Tribeck, o Wandeko Pipoka, que ficou 3 anos como o personagem e foi afastado por motivos de drogas e desentendimentos com a emissora. Algo não muito diferente do que aconteceu com Arlindo em seguida. O ator que já havia encenado filmes de pornochanchada também fazia uso abusivo de álcool e drogas e criou uma série de dor de cabeça aos produtores e diretores. E por falar em produção, algumas das histórias do filme são reais, como o fato dele ter casado com a produtora rigorosa e evangélica, mas que no filme é retratada como a diretora em uma atuação forte de Leandra Leal. Hoje ele é evangélico e pastor da Congregação Batista Brasileira.
Também pudera, depois de conviver com sexo, drogas e rock’n’roll e quase morrer em uma tentativa de suicídio devido a uma crise de loucura, Arlindo não poderia ter optado por caminho mais seguro. Quando se procura saber um pouco mais sobre o que acontecia, os bastidores das gravações de Bozo não tinham nada de divertido. Brigas, socos, drogas e mulheres faziam parte do cenário por trás das câmeras longe da visão das crianças. É importante frisar que, embora o filme mostre o contrário, o ex-ator jura veementemente nunca ter consumido drogas nos estúdios.
Além das boas atuações, há de se destacar a bela fotografia e trilha sonora deliciosa que permitem uma viagem nostálgica a década de 80 e que ajudam a trazer leveza a um enredo denso e nada infantil. Com certeza uma das poucas boas surpresas do cinema nacional desse ano.