Com pesquisa meticulosa baseada na peça processual, matérias jornalísticas e posições da acusação e das defesas, Bernardo Pasqualette proporciona ao público, em Daniella Perez: Biografia, crime e justiça, visão ampliada do crime que chocou o país em 1992
Escrito sob a forma de uma reportagem literária, Daniella Perez: biografia, crime e justiça (Ed. Record) é composto de um perfil biográfico de Daniella e uma análise minuciosa do crime que a vitimou. Trata-se de uma biografia não autorizada que se vale majoritariamente de fontes primárias, traz análises de inúmeras reportagens sobre a investigação criminal, o julgamento e a execução das penas dos réus, além do processo que os condenou por homicídio duplamente qualificado.
Na contramão da narrativa única que se impõe na era dos cancelamentos, o jornalista e advogado Bernardo Pasqualette cede espaço inédito para a versão da defesa dos condenados pelo crime. As entrevistas com promotores e advogados se revelaram fundamentais para a compreensão das estratégias utilizadas no julgamento, considerado o mais importante júri popular da história do Judiciário brasileiro.
A multiplicidade de pontos de vista ainda é útil para desfazer crenças há muito enraizadas no imaginário popular, além de conferir ao leitor autonomia para a formação de sua própria visão dos fatos, que mesmo após trinta anos, ainda despertam ampla curiosidade pública.
O livro não se furta a abordar valores caros à sociedade atual que permearam o crime, como homofobia, machismo estrutural, culpabilização da vítima, misoginia, preconceitos religiosos, em abordagem despida de maniqueísmos que pode agradar tanto os interessados em livros e séries baseados em “crimes reais” quanto estudantes de Direito e de Jornalismo, além dos fãs e admiradores da atriz.
Daniella Perez: biografia, crime e justiça conta a história de uma estrela em ascensão e de sua partida precoce, mas é também o mais completo relato investigativo das circunstâncias e motivações de um crime hediondo, que traz à luz todas as nuances da brutalidade de um feminicídio que causou enorme comoção no país e foi notícia em todo o mundo.
Feminicídio, o termo elástico.
Agora qualquer mulher que morre tem o caso assim rotulado.
Antes, seria feminicídio apenas se um marido, ou homem coabitando em situação análoga a matrimônio, calhasse de matar a mulher.