Autor de “Se não fosse o Cabral — A máfia que destruiu o Rio e assalta o país” (editora Tordesilhas), lançado neste mês, o jornalista e escritor Tom Cardoso conversou com o Diário do Rio sobre seu mais recente trabalho, que fala sobre a trajetória de Sérgio Cabral, ex-governador do Estado do Rio de Janeiro.
Nas 312 páginas, Tom narra a vida de Cabral, com ênfase na carreira política do homem que surgiu como um vereador de destaque e terminou preso pela Operação Lava-Jato. Foram dois anos entre pesquisa, apuração e escrita para que o livro, hoje nas principais livrarias do Brasil (em vendas físicas e online), ficasse pronto.
Tom Cardoso comenta sobre o risco que é mexer em tal vespeiro: “Não recebi nenhuma ameaça e espero não receber. Lógico que no trabalho de jornalista, falando em um assunto espinhoso como esse do Cabral, a gente corre esse risco, mas não recebi nenhuma ameaça desde que o livro foi publicado e espero continuar sem receber”.
Algumas das histórias contadas no livro são bem pitorescas. Entre elas está uma revelada por uma ex-namorada, que disse que quando eles eram jovens e Cabral não tinha muito dinheiro, morava no subúrbio, os dois ficavam fumando maconha em frente ao Copacabana Palace e ele prometia para ela que um dia a levaria para jantar no Hotel.
Quando se tornou Deputado, Cabral, já com bastante dinheiro, mesmo separado da moça há anos, cumpriu a promessa. Eles jantaram no Palace e, de quebra, ele levou um pote enorme de maconha para fumar com a ex dentro do Hotel que eles antes admiravam de longe.
“Essa história do pote de maconha foi contada por uma ex-namorada do Cabral. Tinha credibilidade e foi tudo checado. Têm outras histórias que acabaram não entrando no livro porque a fonte não era muito confiável, não havia como eu provar as coisas que disseram sobre ele”, frisa o autor.
A capa do livro remete ao universo mafioso, algo meio “Poderoso Chefão”. Tudo a ver com os relatos da obra, pois Cabral tinha mesmo essa postura enquanto esteve no poder.
“Você vê aí, Pezão, Picciani… E ele [Cabral] levou muito dos amigos de infância e juventude para o governo. Tinha uma coisa de máfia, mesmo, na estrutura e em tudo mais”, destaca Tom.
O jornalista pontua que acredita que Cabral, que começou a roubar dinheiro público muito cedo, como mostra o livro, demorou para ser pego porque tinha muita conivência por parte da imprensa e do Poder Judiciário.
Nos últimos dias, o ex-governador aceitou fazer delação premiada. Deve ter muita gente preocupada.
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Suas matérias no Diário do Rio de Janeiro são excelentes e os destaques, como o do biógrafo de Sérgio Cabral, enriquecem a leitura da semana. Parabéns!