O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou nesta sexta-feira (21/3), no Rio, o edital do Concurso BNDES Pequena África. A iniciativa faz parte do projeto de estruturação do Distrito Cultural Pequena África, coordenado pelo Consórcio Valongo Patrimônio Vivo, e tem como objetivo reunir propostas de intervenções urbanísticas para a região, elaboradas por equipes que tenham na liderança um arquiteto e/ou urbanista negro.
Localizada na zona portuária do Rio, a Pequena África é reconhecida por sua relevância histórica e cultural na construção da identidade negra no Brasil. O concurso busca soluções inovadoras para fortalecer o território, promovendo melhorias urbanísticas e integrando marcos de grande relevância patrimonial, econômica e identitária.
“Fortalecer a Pequena África é resgatar uma parte fundamental da nossa história, que precisa ser valorizada e não mais apagada, como foi por décadas”, ressaltou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, no evento de lançamento. “O Brasil tem uma dívida histórica com a população negra, que foi arrancada escravizada, torturada e trazida à força ao país em condições degradantes. O Cais do Valongo, na região da Pequena África, foi o maior porto de chegada de africanos escravizados no mundo. É uma história que precisa ser lembrada, para que jamais se repita”, completou.
Para elaborar o concurso, foi feita uma grande escuta na região, com mais de 150 horas de oficinas e uma grande pesquisa de opinião, entrevistando mais de 600 pessoas. Todo esse material precisa ser levado em consideração pelos arquitetos e urbanistas para propor soluções para região.
As propostas para a Pequena África podem abranger desde soluções arquitetônicas e estratégias de mobilidade até ações culturais, educativas e narrativas tecnológicas, sempre com foco na valorização do patrimônio, no estímulo à economia criativa e na ampliação do acesso à cultura. Conforme descrito no edital, as propostas devem contribuir para a criação de um ambiente urbano integrado e funcional.
Entre os eixos previstos, estão a criação de soluções de comunicação visual, mobiliário urbano e outras intervenções de pequeno porte, que dialoguem com a identidade local e consolidem a região como espaço de referência cultural e social. A iniciativa pretende fortalecer a narrativa da Pequena África como museu de território, conectando passado e presente para projetar um afrofuturo enraizado no território.
“Temos a chance de transformar a Pequena África por meio de requalificação urbana, novos equipamentos e estruturação financeira, dando forma a um verdadeiro museu a céu aberto, que pode ser um motor cultural e econômico daquela região. Este concurso é o primeiro passo para essa mudança, colocando a Pequena África no lugar de destaque que sempre mereceu”, afirmou o presidente e coordenador da Iniciativa Valongo do BNDES, Marcos Motta.
O edital estimula a formação de equipes multidisciplinares, permitindo a participação de profissionais de diversas áreas, como arqueologia, comunicação visual, educação, design e história. As inscrições estarão abertas até as 23h59 do dia 15 de maio para propostas individuais ou coletivas, desde que estejam conectadas com a realidade e a cultura local. O projeto classificado em primeiro lugar receberá premiação de R$ 78 mil. O segundo colocado será agraciado com um prêmio de R$ 39 mil. Ao terceiro, caberá uma quantia de R$ 13 mil.