Nesta terça-feira, 17/09, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE/RJ), Domingos Inácio Brazão e outras quatro pessoas por suspeita de envolvimento nos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
O conselheiro foi denunciado por ter se valido do cargo e da estrutura do gabinete na Corte de Contas para interferir no inquérito original que apurou os assassinatos. A denúncia teve como base as investigações da Polícia Federal no Rio de Janeiro, enviadas à PGR no início deste mês. Ainda em relação ao caso, foi apresentado Incidente de Deslocamento de Competência (IDC) e requerida a abertura de inquérito para apurar o mandante dos crimes. O IDC foi ajuizado junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), e transfere para a Polícia Federal e o MPF as investigações para a descoberta dos mandantes dos dois homicídios.
“Com base nos relatos preliminares de Siciliano e do próprio Orlando, não há como desconsiderar que este cenário fosse de interesse de Domingos Brazão que, após seus percalços policiais e judiciais desde a Operação Quinto do Ouro – que o levou à prisão e o afastou de sua funções como conselheiro e vice-presidente do TCE/RJ em 29/03/2017 – vinha perdendo terreno em importantes redutos eleitorais para o vereador”, diz trecho da denúncia.
Segundo Raquel Dodge, há provas de que Brazão influiu no curso das investigações com o objetivo de que os verdadeiros culpados pelos assassinatos não fossem identificados, e que o miliciano Orlando Oliveira Araújo e o vereador Marcelo Moraes Siciliano fossem responsabilizados pelos crimes, respectivamente, como executor e mentor. Entre os denunciados pela PGR, estão um delegado federal, uma advogada, um policial militar e um policial federal aposentado, que era assessor de Brazão no Tribunal de Contas do Rio.
Relatório da Polícia Federal aponta, com base em depoimentos, interceptações, busca e apreensões e análise de conversas via WhatsApp, que Brazão é o principal suspeito de ser o autor intelectual dos assassinatos de Marielle e Anderson. A PF cita, ainda, interceptações telefônicas que conectam Domingos Brazão a milicianos do denominado Escritório do Crime – formado por matadores de aluguel –, e que as mortes da vereadora e do motorista poderiam ter sido executadas por seus integrantes. Mas as investigações estariam sendo dificultadas devido às ligações do grupo com “graduados integrantes da Polícia Civil”.
Quando o dirigente do Estado é o chefe dos bandidos, a população só pode esperar a exploração e a extorsão por parte dos canalhas que o acompanham, além de experimentar o medo e a insegurança de viver aqui.
A vida humana passa a não ter valor, a informalidade substitui a cidadania, enquanto o povo beneficiado pelo clientelismo oligárquico é escravizado pela ignorância, para se tornar votante agradecido por esmolas distribuídas com dinheiro dos impostos pagos por poucos.
Com esses votos de cabresto, a ditadura imposta pela incompetência e pela marginalidade mafiosa acaba sendo disfarçada de democracia.
Este é o cenário de qualquer republiqueta oligárquica autocrática, onde o medo, a miséria, o crime e a hipocrisia transformam cidadãos com direitos e deveres em pedintes que recebem esmolas de direitos e não têm direito de cumprir deveres… Portanto, sem direito à cidadania, mesmo que queiram.
É a banalização da vida humana, a confirmação do que se denomina Darwinismo Social.