Breno Guimarães: Carta a um jovem (cientista) político

Breno Guimarães, da Impetus Public Affairs, fala dos desafios iniciais de quem inicia os estudos em Ciências Políticas

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Foto de John-Mark Smith/Pexels

Quem nunca procurou um resumo por preguiça de ler um livro nas épocas de colégio que atire a primeira pedra. Leitura e escrita foram fonte de muita dor de cabeça e aversão para mim. Nas redações, ficar com média 3 ou 4 era praxe, e tirar uma nota maior era motivo para vibrar semanas a fio. Sabendo da importância da boa escrita para ingressar no ENEM, tinha ciência desde já que minhas chances para ser aprovado em uma universidade pública seriam baixas.

Por razões que estudiosos de todo o mundo tentam explicar até hoje, meu palpite é a intervenção divina, consegui a aprovação para o curso de Ciência Política – simplesmente uma das graduações com mais carga de leituras que existem. Felizmente me adaptei e, em pouco tempo, cresceu em mim o interesse em ler e escrever cada vez mais.

Assim que comecei a trabalhar com relações governamentais, lidando com um novo mundo de atores e informações, logo percebi que a política é como uma série famosa da Netflix – sim, no Brasil muitos políticos são tratados como celebridades, mas não me refiro a isso – a todo momento somos bombardeados com novos episódios (jornais, artigos, podcasts, livros, etc), sem contar as inúmeras reviravoltas que ocorrem durante esta trama – que fatalmente levariam nosso “roteirista” a vencer prêmios de ouro e honrarias no famoso tapete vermelho em Hollywood.

Diante dessa ampla liquidez de informação, me vi diante de dois problemas: manter os novos “episódios” em dia, para entender o desenrolar da “trama”; e, paralelamente, maratonar as “temporadas” passadas, conhecendo os principais personagens, seus coadjuvantes e os momentos críticos que vivenciaram no decorrer da “série”. Conciliar este processo constante é tarefa árdua que nos demanda horas e mais horas de dedicação.

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Como aspirante a cientista político em duas universidades federais – iniciei na UNIRIO e, atualmente, estou finalizando a graduação na UnB –, talvez o maior erro dos cursos seja não ter uma matéria introdutória sobre a atualidade política. Um espaço de avaliação dos cenários recentes, onde os alunos desde cedo leem as notícias, conhecem os atores, instituições, e o ritmo do processo político em um ambiente plural de ideias e visões de mundo.

Fazendo justiça aos colegas que fiz na academia, felizmente existem professores que propõem iniciativas extracurriculares com o mesmo objetivo. Como é o caso do Professor André Coelho que além de promover semanalmente o “Quintas de CP” no Campus de Ciência Jurídicas e Políticas, nos estimulou a realizar eventos sobre a Reforma da Previdência, em 2019, encontros com profissionais de Relações Governamentais e, em especial, a visita que a consultoria em que trabalho, a Impetus Public Affairs, realizou ainda este ano na UNIRIO.

Por fim, se pudesse me dar uma dica lá atrás, reforçaria a importância de se ler o novo e conciliá-lo com o passado. Entender o passado é fundamental, conforme dizia o historiador Heródoto “Pensar o passado para compreender o presente e idealizar o futuro”. Apenas assim estaremos, um dia, preparados para participar do desenrolar desta bela história como atores principais da mudança.

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1 COMENTÁRIO

  1. Excelente !!! A cadeira de atualidades políticas poderia evitar boa parte do prejuízo que distorções deixam na história política moderna oferecendo conteúdo para comentar noticias e orientar teses sobre futuros politicos e tendo o ambiente acadêmico como base documental. Certamente contribuiria em muito para a credibilidade da Ciência Política no país.

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