Localizado no Píer de Piedade, em Magé, o busto de Maria Conga foi alvo de um terceiro ataque de vandalismo. Desta vez, a nova placa, recentemente instalada, foi arrancada e destruída, assim como uma intervenção artística que adornava o local. Os atos de destruição voltam a indignar autoridades e a população e suscitam reflexões sobre o racismo estrutural e o desrespeito ao patrimônio histórico-cultural.
O busto de Maria Conga, uma figura histórica símbolo da resistência e liderança negra no Brasil, foi restaurado recentemente e devolvido à população em um ato público realizado no encerramento do mês da Consciência Negra. O evento, marcado pela celebração cultural e pelo repúdio aos atos de intolerância, contou com a presença de autoridades locais e movimentos sociais em Novembro.
A vice-prefeita de Magé, Jamille Cozzolino, que esteve presente no ato público de repúdio ao segundo ataque, reforçou a importância de se combater tais atos de vandalismo e desrespeito: “Não podemos permitir que o racismo e o desrespeito à nossa história prevaleçam. Maria Conga é um símbolo de resistência, e sua memória deve ser honrada. Vamos continuar lutando por uma sociedade mais justa e inclusiva.”
O secretário de Cultura, Turismo e Eventos, Bruno Lourenço, também se manifestou. “Esses ataques não apenas vandalizam o patrimônio físico, mas também ferem a identidade e a história da nossa cidade. Estamos trabalhando para proteger nossos símbolos culturais e históricos, e a instalação de câmeras no local será uma medida essencial para evitar novos incidentes.” O secretário também registrou o caso na 65ª DP em Magé como Dano ao Patrimônio Público, artigo 163 do Código Penal.
O busto de Maria Conga segue como um marco de luta e resistência, e a comunidade mageense está unida em torno da preservação de sua memória. A esperança é que os atos de vandalismo sirvam como um ponto de partida para um debate ainda mais amplo sobre respeito e inclusão em nossa sociedade.
Busto representa como símbolo e arte
Instalado originalmente em 2021, o busto de Maria Conga é uma obra da artista Cristina Febrone, que celebra a memória da líder quilombola e também homenageia sua importância histórica para a cidade de Magé. Em 2024, o monumento ganhou uma intervenção artística assinada por Paulo Garrô, renomado artista plástico com uma trajetória internacional. A obra de Garrô trouxe um novo destaque ao monumento, incorporando elementos que dialogam com a riqueza cultural e a resistência representadas por Maria Conga.
Paulo Garrô é um artista com formação pela prestigiada Accademia Monticiana di Pittura, na Itália, e conta com obras expostas em galerias e museus de diversos países, como Canadá, Estados Unidos e Tailândia. Reconhecido por seu realismo e riqueza de detalhes, Garrô utiliza sua arte para contar histórias que conectam o espectador a momentos e figuras marcantes da história. Sua contribuição ao busto de Maria Conga reforça o poder transformador da cultura como instrumento de resistência e memória.