Búzios terá primeira casa sustentável com paredes de isopor e ‘carregador’ para carro elétrico

Edificação ainda vai contar com aquecimento solar, sistema de reuso da água e energia fotovoltaica

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Casa sustentável em Búzios (Foto Kevellyn Neves)

Um empreendimento residencial tem chamado a atenção de moradores e visitantes do bairro planejado Aretê, na parte continental de Búzios, devido ao seu método de construção inovador. A edificação, pioneira na Região dos Lagos, é feita com paredes em isopor e vai contar com aquecimento solar, sistema de reuso da água, energia fotovoltaica e estação de carregamento de veículo elétrico. A obra é realizada pela construtora Entegrare, empresa buziana especializada soluções sustentáveis.

Com 191,3 metros quadrados de área construída, o imóvel é baseado no sistema construtivo Insulating Concret Form (ICF), que utiliza fôrmas de poliestireno expandido (EPS), popularmente conhecido como isopor, para a construção de paredes de concreto. A técnica traz uma série de vantagens para os moradores, como o conforto térmico acústico e a proteção contra a ação oculta de pragas, como cupins.

Além da qualidade habitacional, o engenheiro e diretor operacional da Entegrare, Glauco Rodrigues, explica que o método também possibilita uma economia no bolso dos clientes. “A casa inteira foi pensada para ser sustentável. Em uma casa de alvenaria convencional, por exemplo, se gasta mais com energia, mão de obra e até com caçambas para a retirada do entulho da obra. Mas, com esse método que trabalhamos, a gente consegue reduzir em até 98% os resíduos gerados, além de termos uma redução da necessidade do ar-condicionado por conta do alto desempenho térmico do EPS. Estamos falando de uma economia de até 70% na conta de energia, por exemplo”, afirma.

Segundo o diretor técnico da Entegrare, arquiteto e urbanista responsável pela obra, Fernando Favilla, o sistema construtivo com isopor também elimina gastos com insumos de obra. “Com o ICF as paredes são autoportantes e estruturais, atendendo à norma NBR 16055. A construção das paredes funciona como um grande lego, onde cada peça é encaixada e depois preenchida com aço e concreto. Através desse sistema, eliminamos quase que por completo a necessidade de vigas e pilares de sustentação, gerando uma economia de fôrmas de madeira, escoramento de vigas, ferro e cimento”, explica.

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A redução de custos, explica Fernando, começa já na fase de fundação do imóvel. “Há um ganho na fundação, por se tratar de um material mais leve. Devido a concepção das paredes, as cargas são melhor distribuídas, proporcionando redução nos custos de execução da fundação da edificação. Para os arquitetos e decoradores, resolvemos o problema de aproveitamento de pé direito, pois o método ICF permite que os pés direitos sejam mais bem aproveitados, uma vez que não há mais a necessidade de projetar forros para ocultar as vigas. Uma outra grande vantagem, principalmente na nossa região, é que com o EPS também resolvemos o problema de mofo de madeiras de armário e percolação, a famosa infiltração no pé da parede. Isto porque o isopor é ‘hidrófobo’, ou seja, resistente a infiltrações”, destaca.

Eficiência e sustentabilidade

A velocidade de execução da obra é outro que chama atenção, já que as etapas de estrutura e alvenaria são realizadas simultaneamente. “Em comparação com uma construção convencional feita com tijolos, nós conseguimos obter uma redução de até 40% no prazo de entrega da obra. Para se ter uma noção, em 15 dias nós subimos as paredes dessa casa. Essa etapa estrutural, em uma construção convencional, demoraria dois meses”, ressalta Glauco.

Outros destaques do empreendimento serão os sistemas de aquecimento solar de água, a geração própria de energia através de sistemas fotovoltaicos e o reuso das águas de chuva para jardins e bacias sanitárias, reforçando o conceito de sustentabilidade da edificação. “Essa predisposição do reuso de água de chuva não era uma exigência da prefeitura de Búzios, mas nós incluímos no projeto justamente pela questão do nosso padrão de sustentabilidade. A casa terá, ainda, iluminação e ventilação natural e a previsão para uma estação de carregamento para veículo elétrico”, explica o arquiteto Fernando.

A proposta da empresa, reforça o diretor operacional, é viabilizar construções de alto desempenho energético, sustentáveis e que, ao mesmo tempo, sejam acessíveis do ponto de vista econômico. “Nós trabalhamos com um alto padrão de sustentabilidade, na contramão de muitas construções que estamos acostumados a ver pela região. Muitas vezes, nós vemos um projeto maravilhoso, mas que é construído de forma extremamente arcaica. A nossa proposta, por outro lado, é fornecer projetos maravilhosos, mas que apresentem soluções sustentáveis, econômicas, práticas e eficientes, diminuindo o impacto que as construções têm no meio ambiente. É importante levar sempre em consideração que esse método não é uma utopia, não é para ser uma casa no meio da floresta, inatingível. Queremos trazer projetos coerentes com a realidade dos clientes moradores da região, ou seja, que sejam sustentáveis economicamente. Agregamos tudo o que estiver ao nosso alcance para obter o máximo de desempenho dentro de um custo que seja factível”, explica o engenheiro.

Habito Mundo

De propriedade do casal Sergei Xavier e Fabiana Boldrini, a casa já ganhou até nome: Habito Mundo. O título reflete a filosofia de vida da família, alinhada à preservação da natureza. A construção, iniciada em junho deste ano, tem previsão de conclusão em fevereiro de 2023 e será composta por quatro quartos, sala, cozinha integrada, piscina, sauna e garagem. “Estamos muito ansiosos por esse momento. Com a chegada das nossas filhas Olívia e Anastasia, o desejo pela segurança de uma casa própria e adaptada para nossa rotina falou mais alto. Nós queríamos deixar um exemplo para as nossas filhas, que podemos e devemos buscar melhores opções, que unam tecnologia e sustentabilidade. Porém, a falta de opção de imóveis mais sustentáveis na região foi um empecilho”, conta a empresária Fabiana.

Para ela, a técnica empregada na obra foi um fator decisivo para tornar o sonho da casa sustentável uma realidade. “Eu jamais conseguiria imaginar a nossa família em uma casa de outra forma. Além do método construtivo que visa usar menos recursos, ou seja, uma construção mais limpa, a longo prazo também usaremos menos recursos pelo conforto térmico propiciado pelas paredes, de 24 centímetros, que levam isopor. Também construímos a casa tentando manter o maior número das espécies de árvores nativas que já existiam no local e vamos replantar outras espécies e fazer compostagem para a nossa futura horta”, disse.

O engenheiro eletricista Sergei Xavier e a empresaria Fabiana Boldrini com as filhas Olivia de 4 anos e Anastasia de 1 Búzios terá primeira casa sustentável com paredes de isopor e 'carregador' para carro elétrico
O casal Sergei Xavier e Fabiana Boldrini (Foto:Kevellyn Neves)

Durante todo o processo, a família contou com acompanhamento de especialsitas: “Para o projeto da casa, levamos mais de um ano de estudos e preparação, precificação, de levantamento de custo e aprovação junto à prefeitura até chegarmos ao início da obra. Também fizemos um trabalho de análise de viabilidade técnica no terreno, da incidência solar, índice pluviométrico, predominância de ventos e do tipo de topografia, que serviram de base para um planejamento adequado e uma execução sob controle”, reforça Glauco.

Morador de Búzios há oito anos, Frans Sellmann reside na vizinhança e costuma fazer caminhadas pelo local. Ele conta que foi atraído pela quantidade de particularidades que observou ao passar em frente ao canteiro de obras. “Achei muito interessante. Só tinha visto paredes de isopor pela Internet e por causa disso sempre venho aqui de novo para acompanhar a obra e ter uma ideia de como tudo funciona. O que mais me chamou a atenção é a obra limpa e rápida, que produz pouquíssimo entulho. Isso, por si só, isso já é uma coisa muito boa. Outra vantagem interessante é o isolamento térmico acústico, que possibilita a economia na conta de luz, sem nem precisar de ar condicionado”, disse.

Para os próximos projetos da empresa, Glauco já adiantou que a proposta é ampliar as inovações. “A gente já está estudando para os próximos projetos a utilização de vergalhões de fibra de vidro em substituição aos vergalhões de aço, que será mais um ganho em relação à resistência e durabilidade”, conta.

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