Cais do Valongo terá memorial do povo afro-brasileiro

Projeto de revitalização do espaço, que busca preservar a história dos africanos no Brasil, deve ser divulgado ainda em março

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Cais do Valongo, na Zona Portuária do Rio de Janeiro - Foto Cleomir Tavares/Diário do Rio

O Cais do Valongo, antigo porto de escravos e patrimônio mundial da Unesco desde 2017, ganhará um memorial de resgate e preservação da história dos africanos no Brasil. Além disso, voltará a ter um comitê gestor participativo. A retomada do órgão, extinto em 2019, foi aprovada na última quinta-feira, (09/03), com a visita de comitiva federal ao cais, no Centro da cidade do Rio de Janeiro.

Antes de ser extinto em 2019, o grupo era formado por representantes de órgãos e instituições envolvidos na conservação do sítio e tinha a responsabilidade de planejar e gerenciar a preservação e valorização do Cais do Valongo.

Durante a visita, a comitiva formada pelas ministras da Igualdade Racial, Anielle Franco, e da Cultura, Margareth Menezes, além do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, e pela primeira-dama, Janja Lula da Silva, reafirmou o compromisso de construir um museu no local.

Um projeto de revitalização do espaço deve ser divulgado ainda este mês. Um memorial será construído em um antigo armazém, localizado em frente ao patrimônio. “Vamos anunciar, no dia 21 de março, toda a concepção do projeto que vai ser encaminhado. Como todo o processo para revitalizar, fortalecer esse território e construir um espaço novo, cultural estratégico, que seja um centro de resgate e de preservação da memória e da história dos africanos no Brasil”, disse Mercadante.

História do Cais do Valongo

O Cais do Valongo tem uma ligação fortíssima com o período da escravidão no Brasil. Até meados de 1770, os negros escravizados vindos do continente africano desembarcavam na Praia do Peixe (atual Praça XV) e eram negociados na Rua Direita – hoje Rua 1º de Março -, no Centro do Rio. Em 1774, uma nova legislação estabeleceu a transferência desse “mercado” para o Cais do Valongo, por iniciativa do segundo Marquês de Lavradio, Dom Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão d’Eça e Melo Silva Mascarenhas, vice-rei do Brasil.

Mesmo com a proibição do tráfico negreiro, em 1831, – por pressão da Inglaterra – o Cais do Valongo continuou sendo um dos principais pontos dessa atrocidade que era a compra e venda de pessoas trazidas à força dos países da África. Nessa época, esse tipo de comércio era feito de forma clandestina.

Em 1843, foi feito um aterro de 60 centímetros de espessura sobre o cais do Valongo para a construção de um novo ancoradouro. O motivo foi a chegada da Princesa Teresa Cristina, futura esposa de D. Pedro II. O cais foi rebatizado. Passou a se chamar Cais da Imperatriz.

Após séculos, em 2011, o local foi descoberto durante as obras de revitalização da Zona Portuária. Durante o período escravagista, mais de um milhão de escravos, originários da África, desembarcaram no Brasil pelo antigo cais, tornando-o o maior porto receptor de escravos do mundo, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em 2012, a prefeitura do Rio acatou a sugestão das Organizações dos Movimentos Negros e, em julho do mesmo ano, transformou o espaço em monumento preservado e aberto à visitação pública.

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1 COMENTÁRIO

  1. Acho que já chega de memoriais, a pequena África agora já se tornou praticamente o centro todo, já há uma penca de homenagens por aí. Esquecem se que o RJ haviam redutos ciganos, judeus, turcos onde todos viviam juntos. A praça XI foi demolida onde toda uma população de minorias, de refugiados viviam mas estes são jogados no lixo, não importam, só os negros. Esquecem se que o Rio foi erguido a muitas mãos, não só negras.

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