A Câmara de Vereadores do Rio assinou nesta quarta-feira (15/12) um convênio de cooperação técnica com o Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro para a criação do Mapa da Fome, estudo inédito que vai apontar onde estão os principais bolsões de fome e de insegurança alimentar na cidade do Rio de Janeiro.
Durante a oficialização do convênio, o presidente da Frente do Combate contra a Fome, vereador Dr. Marcos Paulo, destacou a importância do Mapa da Fome para a orientação das políticas públicas: “Como a prefeitura espera combater a fome se não sabe onde estão os pontos mais sensíveis? Com esse mapeamento poderemos ajudar a orientar melhor as políticas públicas e cobrar mais eficiência do executivo, como por exemplo, a abertura de cozinhas comunitárias municipais nas áreas mais afetadas”, ressaltou.
A importância do Mapa da Fome também foi enfatizada pelo presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado, que lembrou que a função do poder legislativo vai muito além de fazer e aprovar leis. Para Caiado, o Mapa da Fome é um presente do legislativo para a prefeitura e para a população do Rio de Janeiro na luta de “todos nós contra a fome”.
Após debate Público realizado na Câmara Municipal em outubro deste ano, com a presença de representantes da Prefeitura e do Estado, a Frente contra a Fome vem cobrando o compromisso púbico assumido por ambos no evento. O Governo do Estado prometeu reabrir os cinco restaurantes populares ainda fechados na cidade. E a prefeitura anunciou a abertura de pelo menos 28 cozinhas comunitárias na cidade. Até agora nenhuma ação saiu do papel.
A diretora do Instituto de Nutrição da UFRJ, Avany Fernandes , confirmou que hoje a prefeitura não possui um Mapa da Fome da cidade e explicou que o mapeamento é fundamental e será feito em um período mínimo de cinco meses, podendo fornecer uma valiosa radiografia, com dados quantitativos e qualitativos da fome na cidade.
De acordo com o IBGE, o estado do RJ tem cerca de 1.6 milhão de desempregados, cenário agravado pela pandemia de Covid-19. Apesar do cenário de fome e miséria crescentes, a cidade não conta com nenhum instrumento capaz de apontar onde estão os bolsões de miséria.
Também participaram da assinatura do convênio o vereador Chico Alencar, a deputada Renata Souza e representantes do Conselho de Segurança Alimentar do Município (Consea), do MTST, do Movimento dos Camelôs (Muca), do Sefras e da Frente Contra a Fome da Maré.
A deputada Renata Souza comemorou a participação ativa dos movimentos sociais nas políticas de combate à fome, e o vereador Chico Alencar chamou a atenção para a importância da cooperação da pesquisa acadêmica para o entendimento da nossa realidade e para a produção de dados que orientem o poder público na melhor aplicação das políticas públicas.