O emblemático Canecão, casa de shows que marcou a vida cultural da cidade do Rio de Janeiro de 1967 a 2010, entrou em sua fase final de demolição nesta terça-feira (1º). Localizado em Botafogo, na zona sul da capital fluminense, o espaço recebeu grandes nomes da música brasileira, como Chico Buarque, Elis Regina e Tom Jobim.
No terreno, será erguido um complexo cultural multiúso, com inauguração prevista para 2026. O projeto arquitetônico é assinado por João Niemeyer e ocupará uma área de 15 mil metros quadrados, com 20 mil metros quadrados de área construída. A nova estrutura incluirá oito espaços voltados para entretenimento, cultura e lazer.
A propriedade do imóvel passou à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2009, e o Canecão encerrou suas atividades no ano seguinte. Tombado em 1999, o prédio foi destombado em 2019. Em 2023, o consórcio Bonus Klefer adquiriu a concessão do espaço por R$ 4,35 milhões, com permissão para explorá-lo por 30 anos.
“O Canecão promete ser mais do que uma simples renovação – é uma celebração da cultura e da história da cidade”, afirmou Andre Torós, CEO da Bonus Klefer. “O projeto tem o objetivo de preservar sua rica história enquanto reconstrói o espaço para atender às expectativas do público contemporâneo”.
Entre os espaços que comporão o novo complexo estão:
- Grande sala de espetáculos, com capacidade para até 6.000 pessoas;
- Espaço multiuso, onde será instalado o mural histórico de Ziraldo;
- Espaço de exposições voltado para mostras visuais;
- Microteatro, para experiências cênico-gastronômicas;
- Estúdio criativo, destinado à produção de conteúdo;
- Museu da Música, primeiro do país 100% dedicado à história da música;
- Bosque de 5.000 metros quadrados, com eventos ao ar livre e entrada gratuita;
- Lounge Canecão, voltado a patrocinadores e parceiros.
Um dos destaques do projeto é a restauração do painel “Última Ceia”, de Ziraldo Alves Pinto, que decorava o salão original do Canecão. A obra, de 6 metros de altura por 32 de largura, retrata personagens do artista e marcos históricos do Rio de Janeiro. Segundo o cineasta Guga Dannemann, que dirigiu o documentário Ziraldo: Uma Obra Que Pede Socorro (2020), apenas 30% da arte resistia ao tempo, mas ela será recuperada por uma equipe da UFRJ e terá lugar no novo espaço.
Além do complexo cultural, o consórcio construirá dois edifícios no campus Praia Vermelha da UFRJ: um prédio acadêmico com 80 salas de aula e um restaurante universitário, que serão entregues junto com o novo Canecão.
O projeto inclui ainda medidas de sustentabilidade, como instalação de painéis solares, sistema de reaproveitamento de água da chuva e gestão de resíduos. “Inspirado no passado, desenvolvemos um design que evoca memórias afetivas nos antigos frequentadores”, destacou o arquiteto João Niemeyer. “É um empreendimento pensado para funcionar o tempo todo, acolhendo o público do café da manhã aos espetáculos noturnos”, completou.
Com informações da Folha de São Paulo.