A estação do ano mais esperada por cariocas e turistas pode ter um cenário bem diferente das habituais praias lotadas. O próximo verão no Rio terá que se adequar ao ‘novo normal’ se, de fato, as medidas adotadas pelo prefeito Marcelo Crivella, de só liberar o acesso à orla quando a taxa de transmissão do Coronavírus estiver próxima de zero, ou quando houver vacina para a doença forem cumpridas.
Diante desse panorama de incertezas, especialistas avaliam que ainda vai levar tempo para que a rotina das praias volte ao normal. Pelo menos, sem desrespeitar as regras da prefeitura, que, diante de dias de sol com a orla lotada, já começa a multar banhistas neste final de semana.
Pelos cálculos da UFRJ, a taxa de transmissão (R) na capital fluminense está em 1,44. Antes do início da retomada das atividades da cidade, o índice estava em 1,03, mais próximo do ideal, que é abaixo de um.
“Se tivéssemos esperado um pouco mais, a taxa de contágio reduziria ao que é preconizado. O índice caiu espetacularmente na cidade do Rio durante o isolamento, mas agora está voltando a subir” diz o infectologista Roberto Medronho, que, diante das condições impostas pela prefeitura, não acredita na liberação das praias num futuro próximo.
Em relação a busca por uma vacina, atualmente, existem cerca de 130 estudos reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde que tentam descobrir uma imunização contra a Covid-19. Em dois deles, há testes sendo feitos no Brasil. As análises clínicas da fórmula da Universidade de Oxford, em parceria com o laboratório AstraZeneca, estão sendo conduzidas pela Universidade Federal de São Paulo, pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e pelo Grupo Fleury. Já os testes da Sinovac Biotech começarão no fim de julho, coordenados pelo Instituto Butantan.
Para Natália Pasternak, pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, os testes são promissores, mas ainda há uma longa estrada pela frente:
“É bastante provável que as vacinas de Oxford e da Sinovac estejam aprovadas até o fim do ano, mas isso não quer dizer que estarão sendo produzidas em larga escala“, disse a profissional ao Jornal O Globo.
No Rio, a FioCruz prevê que o início da produção de uma vacina, possa ser iniciado no mês de dezembro. Contudo, essa primeira leva do medicamento seria apenas para pacientes com quadro clínico grave e profissionais de saúde que estejam atuando na linha de frente do combate a doença.