Ontem o ex-prefeito do Rio de Janeiro enviou uma carta aberta à Diretoria da Eletrobrás pedindo que a emprese mude de idéia quanto a instalação de sua sede na Lapa, mudando para outros prédios ou locais no Centro do Rio de Janeiro, como o terreno da RTF ao lado da nova linha do prédio do metrô, o prédio da Eletrobrás, ou que fosse para o Porto do Rio de Janeiro.
Para quem, como o Diário do Rio, é contra a construção do Titã 2 na Lapa, visitem o blog Salve a Lapa.
CARTA ABERTA À DIRETORIA DA ELETROBRÁS!
Srs. Presidente José Antonio Muniz Lopes, Diretor de Administração Miguel Colasuonno, Diretor de Distribuição Flávio Decat de Moura, Diretor de Planejamento e Engenharia Valter Luiz Cardeal de Souza, Diretor de Tecnologia Ubirajara Rocha Meira, Diretor Financeiro e de Relações com Investidores Astrogildo Fraguglia Quental.
1. O Centro Histórico do Rio é patrimônio histórico do Brasil. Para preservá-lo, 30 anos atrás, foi aprovada a legislação do Corredor Cultural, preservando a memória histórico-cultural do Rio. Durante 10 anos essa legislação foi detalhada em relação a seu alcance.
2. No último dia do ano passado, a Prefeitura do Rio fez aprovar uma lei estuprando o Corredor Cultural e abrindo um precedente de extrema gravidade. Inacreditavelmente, é uma empresa estatal da tradição da Eletrobrás, patrimônio de nosso Povo, que se associa a um monstro urbano como esse. E ainda mantém silêncio quando a prefeitura diz que aprovou esta lei debaixo de chantagem: "Se não fosse assim a Eletrobrás sairia do Rio".
3. Todos sabem que isso não é verdade e que os senhores não se prestariam a tal papel. Portanto, por trás, há interesse privado menor, envolvendo construtora e abrindo aquele espaço urbano sagrado para a saga dos especuladores imobiliários.
4. Os senhores sabem que o número de funcionários da Eletrobrás no Rio não requer um prédio de 44 andares e, portanto, os negócios privados estão incorporados a tal decisão. E sabem que as alternativas de localização no Centro do Rio são diversas: Terreno da RFF ao lado da nova linha do Metrô e da Avenida Presidente Vargas; Cidade Nova (Fundo de Pensão da Prefeitura tem terrenos lá, Telemar tem um prédio inacabado); os imóveis da área portuária são em grande medida federais; há prédios no Centro do Rio, federais e abandonados, que submetidos a um retrofit, estariam perfeitamente capacitados, etc.
5. Um prédio desse porte não se construirá em menos de 3 anos. As ações judiciais, de diferentes focos, em defesa do patrimônio urbano do Rio e do Brasil e contra a Eletrobrás, já começaram a ser preparadas. O impasse judicial será inevitável e os atrasos recorrentes criarão um custo financeiro para a Eletrobrás.
6. Esta Carta Aberta tem a finalidade de registrar as responsabilidades neste dia, para que no futuro ninguém possa alegar desconhecimento. Neste, ou no próximo governo federal, essas responsabilidades serão cobradas. E não será dos que estão por trás do negócio, mas diretamente dos senhores que compõem a diretoria e aportarão as respectivas assinaturas.
7. O Rio espera que a consciência dos senhores impeça tamanha barbaridade. Há tempo, pois a compra não foi concretizada, ainda.
8. Recebam esta Carta Aberta como uma Notificação Extra-Judicial, pois será a base das responsabilizações futuras.
Cesar Maia – em 20 de janeiro de 2010. Dia de São Sebastião do Rio de Janeiro.