A casa do Patriarca da Independência, José Bonifácio, em Paquetá, se transforma em museu. Patrimônio do Brasil, a casa branca de janelas verdes é cercada por jardins onde uma velha jaqueira chama atenção. Na primeira metade do século XIX, Bonifácio, intelectual que influenciou D. Pedro I, adquiriu a propriedade e a considerava seu “refúgio filosófico”.
O imóvel foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1938. Porém, viveu anos de abandono, descaso e precariedade e só em 2015, quando foi comprada pelo jornalista Fischel Davit Chargel, voltou a ser bem cuidada.
O proprietário, Fischel, agora abre as portas do imóvel histórico ao público às sextas-feiras, com visitações, sempre gratuitas, às 9h, às 10h30 e às 12h, dentro do projeto ‘Sextou Paquetá!’
José Bonifácio de Andrada e Silva
José foi um cientista, político e estadista brasileiro, nascido em São Paulo, cujas idéias foram decisivas para a Independência do Brasil. Aos 20 anos se mudou para Portugal e estudou na Universidade de Coimbra, uma das mais prestigiadas da Europa, e se formou em Direito, Filosofia e Mineralogia.
Retornou ao Brasil com 59 anos e foi convencido pelos seus irmãos a candidatar-se deputado pela província de São Paulo a fim de participar das Cortes Constitucionais de Lisboa. Fundou o Apostolado, uma organização secreta, com o objetivo de promover a independência do Brasil, a partir do governo.
Quando Dom Pedro era Príncipe-Regente, Bonifácio o convence que somente com sua liderança o território brasileiro não se desintegraria como havia acontecido com os países da América Espanhola.Também defendia que a presença do Príncipe-Regente evitaria uma guerra civil entre os brasileiros. Então conseguiu atrair o apoio dos deputados de São Paulo à causa da independência liderada por Dom Pedro.
Após a emancipação brasileira, Dom Pedro I o nomeia Ministro de Negócios Estrangeiros e nesta posição negocia vários tratados e o reconhecimento da independência com as nações estrangeiras. Participou da libertação de escravizados e a incorporação dos índios à sociedade, além da defesa da reforma agrária e da preservação de rios e florestas.
Ao longo da vida, José Bonifácio publicou vários livros sobre a formação mineral, agricultura e política formando uma biblioteca com mais de 6000 exemplares. Na casa, onde viveu seus últimos anos, Bonifácio chegou a guardar esses seis mil livros. E hoje, o espaço abriga mais de 20 mil itens de Davit Chargel que revelam como era a vida em tempos passados.
Informações do site Toda Matéria.
“Compramos a casa em 2015, e no final do ano começamos as obras. Precisei trocar 1.200 telhas. Acreditava que ela comportaria o meu acervo, que comecei aos 17 anos, quando fui empregado na Companhia Telefônica com carteira assinada”, explica Davit, de 88 anos, ao jornal Extra.
Coleção
A coleção do jornalista Davit vai de máquinas fotográficas, telefones e fonógrafos a documentos com a assinatura de José Bonifácio, passando por milhares de objetos curiosos da vida privada, de vidros de lança-perfume a um chocalho que pertenceu a Pedro I bebê.
O interessante é que muitas das tecnologias ali apresentadas ao público ainda funcionam, como um rádio da primeira geração, invenção do italiano Guglielmo Marconi, que também está em exposição, assim como uma máquina de escrever Hammond, americana, do século XIX.
Documentos preservados também chamam atenção. Em uma ala está o original do primeiro jornal brasileiro, edição de junho de 1808 do Correio Braziliense, e registros do próprio Bonifácio.
“É um acervo variado. Mas o público não se perde no museu. Em todas as salas, cada uma dedicada a uma personalidade de Paquetá, há itens sobre comunicação e costumes”, conta a museóloga Jussara Cestari.
Últimos anos de Bonifácio
O escritor Vivaldo Coaracy, que morou em Paquetá, conta no seu livro sobre a ilha que por volta de 1830 Bonifácio adquiriu por 6 mil e 400 réis anuais a chácara. A casa era menor que a de hoje, com apenas duas janelas dianteiras.
Naquele endereço o político recebeu a mensagem de Pedro I, pelas mãos do vice-cônsul da França, pedindo que aceitasse ser tutor de seus filhos, incluindo o futuro imperador. A missão lhe rendeu conflitos e inimigos, e, em 1833, ele foi preso em seu refúgio particular. Foi libertado em 1835, mas preferiu continuar na chácara.
Doente, acabou convencido a trocar a Praia da Guarda pela Praia do Ingá, em Niterói, em 1838, para receber tratamento médico adequado. Morreu 12 dias depois da mudança.
Qual será o futuro, de um país, que não preserva sua memória? Destrói a educação e saúde, uma geração de alienados a este sistema corrupto, pobre Brasil.
Texto muito bom, precisamos conhecer mais de nossa história, a verdadeira, não aquela que contam nas escolas, recheadas de mentiras, omitindo o papel dos heróis, de nosso passado.
Um ícone esquecido pela atualidade por não se enquadrar na cartilha… um povo que não sabe do seu passado, produz um futuro incerto…
popularmente conhecido, pela raia miúda, como zé bonfa!