Parar pra almoçar no restaurante mais antigo da cidade, bem no coração do Boulevard Olímpico, é uma experiência quase religiosa. Sua fachada em azulejos portugueses, com três andares de pé direito altíssimo e janelões de beleza colonial denuncia a tradição que só uma Casa que sobreviveu ao golpe militar que derrubou a monarquia brasileira, em 1889, pode ter. Nascido como Hotel Rio Minho, 5 anos antes da queda de Dom Pedro II, o restaurante que hoje carrega o nome do rio que serve de fronteira entre Portugal e Espanha é um ícone da gastronomia carioca.
Parte do Polo Gastronômico da Praça XV, colado no tradicionalíssimo Al-Khayam, de culinária árabe, junto ao badalado Bar Capitu e vizinho dos belíssimos Cais do Oriente e Sobrado da Cidade, o Rio Minho é comandado desde 1982 pelo Chef e Proprietário Ramon Isaac, assistido de perto pela filha Cristina. E se, como os vizinhos, cortaram um dobrado para sobreviver durante a pandemia do novo coronavírus, agora começam a assistir o renascimento da região, que já foi uma das prósperas do Centro.
O restaurante acabou vendo aposentar-se os garçons velhinhos pelo qual era muito conhecido, durante a pandemia. Mas já tem uma equipe coesa novamente, e o serviço atingiu os padrões de antes: eles já sabem o que vamos pedir pra beber, quando passamos a freqüentar a casa, e o ponto exato do nosso peixe. O projeto Reviver Centro e o retorno gradual das empresas ao trabalho presencial vêm ajudando o estabelecimento a retornar aos dias de glória em que famosos como o Barão do Rio Branco e o filólogo Antônio Houaiss se enfileiravam para adentrar seu salão forrado em azulejaria do século XIX.
E é com pratos tradicionais como a saborosa e fervente casquinha de cavaquinha que seu Ramon tem voltado a encher a Casa, que vem ficando lotada na hora do almoço, apesar da chuva infernal que sacrificou o comércio do Centro em mais de 20 dias deste último mês de novembro. O quitute tem a combinação perfeita de creme, queijo e uma cavaquinha fresca desfiada como que pelas mãos hábeis de uma fada. Gratinada à perfeição, a entradinha quase – só quase – faz a gente dispensar a porção de bolinhos de bacalhau mais apetitosa do Rio.
Ok, nem tudo são flores e a cavaquinha fresca está dentre os frutos do mar mais delicados e caros; cada um dos quitutes sai a R$ 48,00, mas o sabor e a textura compensam cada garfada. Uma ida ao Rio Minho é uma viagem no tempo, ao Rio Capital Imperial, coisa para se fazer com tempo, bem acompanhado, e em momentos de alegria. Mas, mesmo se estiver meio chateado, peça a casquinha, uns bolinhos de bacalhau ou um cherne grelhado que a coisa melhora. Ô se melhora!
O Restaurante Rio Minho fica na Rua do Ouvidor, 10 e abre para o almoço de Segunda a Sexta, até as 17:00. Aceita reservas e enche bastante entre 12:30 e 14:30. – Obs: Guarde a fome pra amanhã, hoje, segunda, dia de jogo do Brasil na Copa 2022, a casa não abre.
Sempre achei que o Lamas era o mais antigo do Rio. Salvo engano, foi inaugurado uns 10 anos antes, não???
Sim, mas Mudou de endereço.
esses quitutes devem ser de adoçar a alma. rsrsrsrs