Há mais de um mês, um sobrado histórico na Rua Frei Caneca, em frente ao Campo de Santana, desmoronou, deixando escombros que se assemelham às cidades bombardeadas em conflitos. A comparação com cidades da Faixa de Gaza destaca a gravidade da situação em uma das áreas mais movimentadas do Centro do Rio. Enquanto as imagens nos remetem a cenários de guerra, a realidade é de abandono por parte dos órgãos responsáveis pela remoção dos destroços.
Desde o desabamento, no dia 20 de março, os escombros permanecem no local, representando perigo para pedestres. A região é super movimentada pela sua proximidade com o Batalhão do Corpo de Bombeiros e o Hospital Souza Aguiar. Parte da calçada segue bloqueada por entulhos, obrigando pedestres a passarem pela rua.
Antes do colapso, o sobrado já mostrava sinais de abandono, com apenas a fachada preservada enquanto a estrutura interna se encontrava em estado precário, com janelas e portas danificadas. Na época do desmoronamento, a Prefeitura do Rio anunciou o início do processo de desapropriação dos dois imóveis afetados, mas até o momento pouco foi feito para remover os escombros.
Segundo informações da Subprefeitura do Centro, os proprietários dos imóveis podiam contestar a decisão de desapropriação, prolongando o impasse. O subprefeito Alberto Szafran destacou na época que os donos foram alertados sobre a necessidade de medidas para garantir a segurança das estruturas, porém não tomaram providências.
Além do sobrado desmoronado, o entorno da Praça da República abriga outros imóveis históricos abandonados, como um casarão na esquina com a Rua dos Inválidos. O edifício, propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e cedido ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), está abandonado há quase 15 anos, evidenciando a negligência com o patrimônio histórico da cidade.