Centro do Rio perdeu mais de 1000 policiais com o fechamento de 3 batalhões em 2007 e 2011

A região perdeu três batalhões, dificultando o policiamento ostensivo e prejudicando a sensação de segurança numa região em franca revitalização. Grande parte dos crimes se origina em imóveis invadidos

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Foto: Daniel Martins/Diário do Rio

Apesar da diminuição dos índices de criminalidade do Centro do Rio, está claro para todos que a situação na região ainda pode melhorar muito. Porém, pouco se fala nas reais causas da deficiência de policiamento no mais novo ‘bairro imperial’. Desde 2007, o Centro perdeu mais de mil policiais, resultado do fechamento de importantes batalhões que juntos eram responsáveis pela segurança da região. O Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPtran), que atuava no Centro e foi extinto em fevereiro daquele ano, contava com um efetivo de 360 agentes. Já em 2011, a desativação do 1º BPM, localizado na Avenida Salvador de Sá, e do 13º BPM, na Praça Tiradentes, retirou mais 790 policiais da área.

Com o fechamento dos três batalhões, a região central do Rio, que antes contava com aproximadamente 1.600 policiais, passou a ser coberta por apenas um batalhão com cerca de 600 homens – o 5o. Batalhão. Essa redução drástica no policiamento facilitou a ação de criminosos provenientes de áreas como Morro da Providência, Mangueira e Complexo de São Carlos, que passaram a atuar com mais intensidade na região.

Números do efetivo extinto:

  • 1° BPM: 380 (junho de 2011)
  • 13° BPM: 410 (junho de 2011)
  • BPtran: 368 (fevereiro de 2007)

Após o fechamento do BPtran, empresários e comerciantes tentaram impedir o desmonte da segurança pública no Centro. Abaixo-assinados e campanhas foram organizados para salvar o 1º e o 13º BPM, no coração financeiro da cidade, mas os esforços foram em vão. Com a retirada dos policiais, a criminalidade aumentou, contribuindo para o fechamento de lojas e transformando a região em alvo frequente de furtos, assaltos e do crime conhecido como “saidinha de banco”. A situação chegou a estar insustentável.

Embora o crime da “saidinha de banco” tenha sido praticamente extinto, isso não se deve à melhora no policiamento, mas à popularização do PIX e de aplicativos bancários que reduziram a necessidade de saques em agências. Ainda assim, a violência persiste, com arrombamentos de bancas de jornais, lojas e restaurantes. Muitos desses crimes são atribuídos a usuários de drogas e a criminosos das comunidades vizinhas. Há uma quantidade enorme de invasões noturnas, e furtos de pecas de metal na região; a situação se agravou tanto que há até uma rua conhecida como Rua da Invasão. Na rua Visconde de Inhaúma, há uma impressionante sequência de antigos prédios invadidos, situação ainda mais agravada por uma legislação de APAC que proíbe a construção de mais de 4 andares na região, afastando a possibilidade de edificações novas residenciais surgirem por ali.

Impacto no comércio e na segurança

A criminalidade no Centro do Rio – e principalmente as invasões a imóveis fechados e comércios – levou ao fechamento de vários estabelecimentos e à migração de empresas. No final de 2023, uma multinacional que sublocava salas comerciais no Edifício Vargas, um dos mais importantes da região, entregou as chaves e deixou o local, citando a insegurança como um dos motivos. O movimento de fuga de empresas caiu, mas a má reputação ficou, e, apesar dos esforços do 5o. Batalhão, não há como se negar a falta que fazem os efetivos policiais.

O projeto Segurança Presente no Centro colaborou para a melhora dos índices, mas com a abertura de vagas no programa outros bairros e cidades, por vezes mais próximos do local de residência dos policiais participantes, o número do efetivo prestando o serviço na região central acabou por diminuir novamente. A reabertura de lojas e restaurantes, principalmente no entorno da Praça XV – que se tornou, junto com a Saara e o lado ímpar da avenida Rio Branco, a área de maior movimento no Centro – trouxe ares de renovação e revitalização ao velho centro histórico, mas no quesito segurança ainda há muito a fazer.

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