Para prosseguirmos em nossa saga de apresentar o Centro Dom Vital, lemos o artigo bem elucidado da parte do Diácono Eduardo Silva, publicado no Diário do Rio há duas semanas. Neste espaço, desejo continuar nossas elucubrações a partir das seguintes questões: O que é um centro Cultural? Qual é o seu papel em uma sociedade? A Igreja fomenta centros culturais católicos? Os conceitos que compõem o termo ‘centro cultural’ são o cerne desta questão.
Um ‘centro’ pode ser entendido como uma instituição, uma entidade jurídico-patrimonial, uma organização, um corpo hierárquico, administrativo e editorial. Primeiramente, significa um espaço físico, com sede pública onde desenvolvem-se atividades de natureza cultural, um espaço de aglutinação dos inscritos, sócios e participantes identificados com os princípios filosófico-religiosos (p. ex. centros espiritas, centros militares, centro acadêmicos…).
Em segundo lugar identifica-se com uma congregação de ideias. A ideologia, a religião, as considerações políticas e religiosas, entre outras são as causas das ações destes centros, eles emanam e irradiam estas ideias, aglutinando em torno a si um público afeiçoado a estas ideias e convicções. Neste sentido, os centros espelham antagonismos e às vezes verdadeiras batalhas. Eles não são somente um intenso índice de pluralidades culturais, mas, interagem nas dinâmicas de conflitos no âmbito social.
Neste momento é preciso passar à segunda questão, a expressão da cultura, um termo complexo e de difícil resposta única, mas que podemos distinguir da economia, da religião, mas não da condição humana. De fato, a cultura pode-se definir, conforme o antropólogo americano Sidney W. Mintz (1922-2025), “como uma propriedade humana ímpar, baseada em uma forma simbólica, ‘relacionada ao tempo’, de comunicação, vida social, e a qualidade cumulativa de interação humana, permitindo que as ideias, a tecnologia e a cultura material se ‘empilhem’ no interior dos grupos humanos.”
A cultura é a natureza e identidade da realidade humana. Ela representa a emancipação da vida imanente, dita animal. Os animais não produzem cultura, seu universo cotidiano gira em tono de seus instintos animais, que transmitem a partir da natureza e do condicionamento.
No mundo dos instintos não há espaço para a liberdade, e esta é pré-condição sine qua nom para que haja cultura. Por isso, é um fator preponderante na explicação da formação e crise de civilizações. Em ambientes ditatoriais, onde as liberdades individuais foram suprimidas, há uma forma incongruente de cultura, a do Estado, e não da sociedade. No espaço da cultura como o meio humano da vida, este termo representa o índice de um sistema com seus subsistemas: economia, a política, a arte, a religião.
O centro Dom Vital representa o eixo da religião na cultura, o papel do catolicismo que, sobretudo a partir do edito de Constantino (312 d. C), escolheu ser produtor de valores espirituais e morais de uma civilização, a chamada Civilização Cristã Ocidental e Oriental (Igreja Bizantina no Oriente a partir do 6o séc. d. C. e no 5o séc. d.C. em Roma). O Cristianismo polariza e aglutina a identidade da Europa, em particular no primeiro milênio na idade, dita medieval (5o séc. ao 15o séc. com o Renascimento italiano).
Depois do maior conflito ocidental do cristianismo com a expansão das heresias de Lutero, emerge a figura do Catolicismo para enfatizar a Igreja de S. Pedro e sua ininterrupta tradição. É dentro deste àmbito, que foi configurado o Centro Dom Vital, herdeiro e defensor da cultura religiosa e moral, e da filosofia cristão, principalmente a desenvolvida por Santo Tomás de Aquino.
Sobretudo, por este centro religioso, garante-se uma inteligente defesa em tempos de conflitos. Destaca-se hoje a violenta reação ao Catolicismo exercida pelo universo woke, como se pode percebeu nos espectro da última eleição americana, que convergiu na pessoa de Kamala Harris e Donald Trump.
Estas elucubrações sobre centro, cultura e catolicismo (religião) se dispuseram a encaminhar a árdua compreensão acerca da natureza e da função social do centenário Centro Dom Vital, no coração da capital cultural brasileira.