
A Irmandade de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores tem sido uma ativa e fervorosa combatente da Fé Católica, desde que a Igrejinha da Rua do Ouvidor, 35, no coração do Centro Histórico do Rio de Janeiro, foi revitalizada e devolvida aos fiéis e à população da cidade. Hoje, a histórica igrejinha construída em formato elíptico faz parte das programações do Projeto Reviver Cultural, com diversas atividades patrocinadas pelo espaço Diário do Rio de Cultura, no Arco do Teles. Mas a Semana Santa no templo da Padroeira dos Comerciantes terá uma de suas maiores atrações na noite desta quinta-feira Santa (17/4).
A antológica Irmandade tem reeditado as cerimônias tradicionais da Igreja Católica, sempre com muita música sacra de qualidade e utilizando os objetos sacros e históricos da entidade, que conta com quase trezentos anos de existência e serviços prestados a Cristo e à Igreja. Atenta à história e à tradição, trouxe de volta a tradição da costura litúrgica, refazendo detalhes de tecido como os panos e bandôs bordados com o símbolo da associação de fiéis, e as cortinas de renda, comuns no fim do século XIX.
Hoje a igrejinha conhecida como “caixinha de jóias” do Centro Histórico convida todos os devotos e simpatizantes a participarem da sua belíssima, tocante e tradicional cerimônia do Lava-Pés, que será realizada nesta quinta-feira (17), às 17h30, durante a Missa da Ceia do Senhor. O rito litúrgico que terá até procissão será oficiado pelo Padre Victor Hugo Nascimento e contará com a participação especial de coral e orquestra com 15 músicos liderados pela soprano Juliana Sucupira.
A santa que dá nome à Igrejinha da Rua do Ouvidor, Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, é a padroeira dos comerciantes do Rio. Por isso, o rito do Lava-Pés contará com a participação de 12 nomes ligados às atividades comerciais do Centro Histórico carioca. Entre os convidados estão Aldo Gonçalves, presidente do Sindlojas e CDLRio; Antonio Florencio Queiroz, presidente da Fecomércio; João Eduardo Correia, presidente do Conselho dos Corretores de Imóveis (CRECI) e Robson Carneiro, presidente do Sebrae RJ, além de outros empresários e comerciantes da região. A empresária Ângela Costa, ex-presidente da Associação Comercial e dama das Ordens de Malta e do Santo Sepulcro, também estará presente. A Missa Solene será celebrada na intenção de todos os comerciantes e empresários da cidade e do Centro Histórico, que agora passa por uma grande revitalização da qual o templo é símbolo.
Durante a cerimônia, os participantes farão pedidos de sucesso aos negócios da região central, além de agradecer os resultados alcançados pelos projetos Reviver Centro e Reviver Cultural que têm contribuído para a revitalização religiosa, cultural, habitacional e comercial do Centro da cidade, mostrando a todos que a recuperação local é resultado de muito trabalho e da união das forças humanas e espirituais “lideradas pela Luz de Cristo e de toda a Santa Igreja”, segundo nota da irmandade, que é hoje dirigida por Cláudio André de Castro, presidente do Conselho de Renovação do Centro da Associação Comercial do Rio. Ontem, o Concerto de Páscoa apoiado pela Sérgio Castro Imóveis na Igreja de Nossa Senhora do Bonsucesso reuniu quase 350 pessoas.

O provedor da Igreja Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores ressalta a atuação da Irmandade homônima no resgate das cerimônias católicas tradicionais há muito tempo perdidas ou esquecidas por muitos religiosos e devotos. Para ele, esta cultura católica está intrinsecamente ligada à história do Rio.
“A Irmandade tem o maior orgulho de estar voltando a promover devoções populares e tradições que ajudaram a moldar o Rio de Janeiro desde a sua fundação. E é por isso que estamos promovendo novamente a Semana Santa na Rua do Ouvidor. Foi uma alegria ver completamente lotada a procissão do Domingo de Ramos no Arco do Teles. Essa é uma retomada que vem junto com a nossa luta pelo reavivamento do Centro Histórico do Rio de Janeiro“, afirma o empresário, que está à frente da mais antiga organização de comerciantes do Brasil, datada de 1743. Castro também preside a Liga de Devotos de Nossa Senhora da Lapa, que sustenta grande parte das atividades da irmandade. Na cerimônia do ano passado, um vídeo com os principais momentos da cerimônia viralizou no Instagram, (abaixo)
No Domingo de Ramos, dia 13 de abril, foi uma procissão com saída do Arco do Telles, onde foi instalado um oratório barroco histórico bem em frente à sede do DIÁRIO DO RIO. O ritual contou com o acompanhamento de coral e orquestra durante a passagem dos devotos rumo à Igrejinha da Lapa dos Mercadores, na esquina da Travessa do Comércio com a Ouvidor. Cerca de 200 pessoas compareceram à celebração, que ocorreu em pleno fim de semana, com os fiéis enchendo a Travessa do Comércio. A Polícia Militar e a Guarda Municipal garantiram a segurança do evento. Outra procissão, a da Fogueira, ocorrerá no sábado de aleluia.
A importância da cerimônia do Lava-Pés

O ritual foi instituído por Jesus na Última Ceia, baseado no Evangelho de São João e realizado na Quinta-Feira Santa. Cristo recomendou aos seus discípulos e toda a Igreja prosseguir na ritualização do Lava-Pés: “Eis que lhes dei o exemplo, para que, como eu fiz, vocês também o façam” (João 13,15).
No tempo de Jesus, as pessoas caminhavam pelas estradas empoeiradas, ficando com os pés sujos. O costume pedia que todos lavassem os pés, sobretudo antes de uma refeição, neste caso a Última Ceia. A cerimônia pode ser considera como um “pequeno batismo”, no qual os participantes são purificados dos seus pecados.
Durante a Última Ceia Jesus pegou uma toalha e lavou os pés dos discípulos. Simão Pedro não aceitou, pois não admitia que o Mestre se humilhasse a tal ponto. Mas foi repreendido por Cristo: “Se eu não os lavar, você não terá parte comigo”; na sua Paixão e morte. Pedro, então, respondeu: “Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça”.
Os cristãos primitivos, obedientes ao convite de Cristo, praticavam o ritual como sinal de humildade e de conversão, bem como reconciliação e renovação da fé no sacrifício e ressurreição de Jesus.
Durante a sua passagem na terra, Jesus Cristo se despojou de todos os sinais de grandeza. A cerimônia do Lava-Pés dos discípulos representa um grande gesto de humildade e amor, para ser seguido pelos devotos. Ao realizar o rito, a Igreja Católica reforça o seu papel como anunciadora do reino do Amor e da Paz.
Serviço:
Quinta-Feira Santa / Missa da Ceia do Senhor e Lava-Pés de comerciantes locais na Irmandade de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores
Dia: Quinta-feira Santa (17)
Hora: 17h30
Padre oficiante: Victor Hugo Nascimento
Endereço: Rua do Ouvidor, nº 35, no Centro do Rio de Janeiro.
Entrada Franca – 147 lugares
