Cesar Maia diz que deveria ter procurado Lula após vaias do Pan

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Cesar MaiaO candidato a vereador pelo Democratas, Cesar Maia, publicou neste fim de semana na Revista Época uma coluna em que fala da polêmica vaia ao então presidente Lula no Maracanã durante a abertura dos Jogos Panamericanos de 2007.

Na época dizia-se que Maia, na época prefeito, teria orquestrado a vaia. O que é um absurdo, no Maracanã vaia-se até minuto de silêncio. Leia o artigo, reproduzido hoje em seu ex-blog:

1. “Surpreenderam a todos as cinco vaias sequenciais que Lula, então presidente, recebeu na abertura dos Jogos Pan-Americanos em 2007, no Maracanã (Rio de Janeiro). Para piorar, houve falhas do protocolo da cerimônia. Informaram ao presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Nuzman, que Lula não falaria a abertura. Nuzman fez um discurso no exato momento em que o pedestal do microfone era colocado na frente de Lula -que estava pronto para abrir a cerimônia. Foi um constrangimento geral. Mais uma vez, o nome de Lula foi citado -e vaiado. O ex-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o espanhol Juan Samaranch, me perguntou o que estava acontecendo, pois sabia que Lula era muito popular. Eu não sabia o que dizer.

2. Lembro que um pouco antes da abertura dos Jogos, quando Lula fazia uma visita à Vila do Pan e tratavam da cerimônia, comentei com o pessoal do COB, citando Nélson Rodrigues: vamos minimizar a exposição das autoridades maiores, porque no Maracanã ‘torcedor vaia até minuto de silêncio’. Trágica profecia.

3. Depois do encerramento da abertura do Pan, Lula me cumprimentou normalmente. Descemos pelo mesmo elevador, fechado para autoridades do camarote presidencial. Ao chegar no térreo, a imprensa toda me cercou. O então ministro do Esporte, Orlando Silva, repetiu o que ouvira do entorno presidencial: que quem programara as vaias tinha sido eu. Um absurdo. Mais fácil seria eu ser alvo de vaias. Na hora, relevei pelo calor dos fatos. Queriam um bode expiatório. Se havia algum clima nesse sentido, seria obrigação do serviço de inteligência do presidente pré-informar.

4. Deixei passar o tempo. Tinha certeza de que os boatos desapareceriam, e Lula votaria a me receber, como sempre. Não foi assim. O presidente tornou-se agressivo. A cada vinda ao Rio, me criticava dizendo que eu falharia nisso ou naquilo, que não o recebia etc. De 2003 a julho de 2007, nada havia ocorrido. Por que a um ano e meio do fim de meu governo seria diferente?

5. Só em 2008, quando sentia que a agressividade de Lula crescia, fiz uma reflexão. Logo em seguida aos fatos da abertura do Pan, um ano antes, era minha obrigação ter pedido oficialmente uma audiência com o presidente. Nela, trataria do assunto e demonstraria que nada daquilo que sua assessoria comentara era verdade.

6. E os desentendimentos continuaram. Todo o processo que culminou na vitória do Rio de Janeiro para ser a cidade sede dos Jogos Olímpicos em 2016 ocorreu na época em que eu era prefeito. Quando se formava a delegação que assistiria, em 2009, à solenidade de escolha da cidade sede, Orlando Silva propôs meu nome. A rejeição presidencial foi total.

7. Recebi um telefonema de Orlando Silva quando o Rio venceu a disputa para sediar os Jogos Olímpicos. Naquele momento -dez meses depois de ter saído da prefeitura-, senti o impacto maior de meu erro. Eu me perguntava, e ainda me questiono, a razão de não ter pedido uma audiência com o presidente imediatamente depois da abertura do Pan em 2007. Queria dizer-lhe que nada do que ele pensava condizia com a verdade. Não orquestrei aquelas fatídicas vaias. Foi um erro político e protocolar que um político não pode cometer, mas cometi. E senti -e sinto até hoje- o peso desse erro.

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