O bairro do Catumbi, na região central do Rio de Janeiro, guarda surpresas de grande relevância para a história da cidade. Infelizmente, nem todas são reconhecidas, ou valorizadas. É o caso de uma construção localizada, na Rua Frei Caneca, que mais parece uma torre, mas é o Chafariz Paulo Fernandes.
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 11 de maio de 1938, o monumento está em péssimo estado de conservação, com reboco inexistente, pintura completamente desgastada, com pichações e invadido por vegetação. O estrago pode ser visto em uma imagem postada na página Fotos, Fatos e Histórias do Rio Antigo.
O Chafariz do Catumbi é uma fonte de água construída em 1816 pelo Desembargador do Paço e Intendente Geral da Polícia, Paulo Fernandes Viana, no período da regência de D. João VI, que durou de 1799 a 1821. Paulo Fernandes contribuiu para a melhora da região, por meio de algumas ações e obras, entre elas a canalização das águas do Rio Comprido, ligando-as ao aqueduto do Catumbi, favorecendo o abastecimento de água da cidade.
O chafariz de Paulo Fernandes foi construído nas proximidades do chafariz do Lagarto, para servir de bebedouro para cavalos, especialmente os da Polícia Militar, e para abastecer as dez bicas do Campo de Santana – inauguradas em 1809.
A edificação foi erguida como reservatório tipo torre, em alvenaria, dividida em corpos: o da base e o superior. No primeiro, havia uma cimalha de três lados, um tanque em cantaria, sobre o qual ficava uma caixa em cantaria com três bicas de bronze, às quais, mais tarde, foram adicionadas mais duas bicas do mesmo material. O segundo contava com uma platibanda, uma varanda com balaustrada de ferro, uma porta que dá acesso à varanda e dois arejadores retangulares, um de cada lado da porta.
A construção ajudava a água a chegar no Campo de Santana através de um encanamento precário feito de madeira. Apesar da perda do recurso natural pelo caminho, o que lá chegava era de grande serventia à população local e aos animais.
Mesmo precária, a iniciativa lançou algumas das bases para que, hoje, a população tenha acesso privilegiado à água, recurso sem o qual não a vida é impossível. Nada mais justo do que cuidarmos do patrimônio deixado pelos nossos antepassados.