O Brasil é um país racista. O diagnóstico foi confirmado por uma pesquisa realizada pelo instituto Ipec, em abril do ano passado, com brasileiros de mais de 16 anos, em 127 municípios. Pelo levantamento, a crença de que havia uma democracia racial brasileira vai por água abaixo.
Mesmo reconhecendo que somos um país racista, a percepção do preconceito racial ainda é difusa, no dia a dia.
Todo mundo, no entanto, fica chocado com cenas explicitas de discriminação, como aquela que, não faz muito tempo, foi assistida na tela da TV e mostra uma mulher, em São Conrado, chicoteando uma pessoa negra. A brutalidade foi condenada pela sociedade. Mas ela só ocorreu porque o homem agredido denunciou a agressora e divulgou o vídeo. Ele não se intimidou com as ameaças, comuns nestes casos, do usual “você sabe com quem está falando?”.
Outro episódio recente, que mereceu o repúdio do mundo inteiro, foi o das agressões a Vini Jr., jogador do Real Madrid. Ele pôs a boca no trombone e apontou o racismo nos xingamentos de que foi alvo.
A boa notícia, nesse caso, é que, pela primeira vez na história, a Justiça da Espanha condenou três torcedores autores das ofensas racistas. Pegaram oito meses de prisão e ficarão dois anos longe dos estádios de futebol.
Vini Jr. merece nosso aplauso. Sua bravura é tão grande quanto o seu talento futebolístico.
As manifestações racistas, muitas vezes, são ameaças à vida.
Foi o que aconteceu com a deputada estadual Renata Souza, nossa companheira de PSOL, vítima de ameaças graves contra sua vida e de ofensas racistas e misóginas, feitas por e-mail. Renata deu queixa na Polícia.
Esperamos que a investigação policial seja rigorosa, descubra quem é o autor dos ataques e que seja punido.
Renata, sempre combativa, não se deixará intimidar. E continuará seu importante trabalho político em defesa dos direitos humanos, das mulheres e dos invisibilizados e oprimidos.
Renata e Vini Jr. têm em comum a mesma coragem de enfrentar o racismo de cabeça em pé, sem se deixar intimidar por agressões e intolerância.