Chico Alencar: Não à matança

"O governador Cláudio Castro, bolsonarista de carteirinha, deve ter orgulho do título que ostenta: seu governo é o recordista em ações letais da polícia em nossa cidade"

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Viatura da Polícia Civil nos arredores da Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte do Rio
Viatura da Polícia Civil nos arredores da Vila Cruzeiro, na Penha, Zona Norte do Rio - Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Juracy Magalhães (1905-2001) cunhou frase célebre ao ser nomeado embaixador do Brasil nos EUA pelos golpistas de 1964: “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.

Os fatos, tragicamente, parecem confirmar a profecia do tradicional político baiano. No dia 24 de maio, numa pequena cidade do Texas, um jovem de 18 anos invadiu uma escola e matou a tiros 21 pessoas, sendo 19 crianças, entre 5 e 10 anos. Diante de tamanha (e repetida) tragédia, o presidente Biden falou à nação, emocionado: “estou cansado e desanimado, mas não digam que não podemos fazer nada… Quando, pelo amor de Deus, iremos enfrentar o lobby das armas? É urgente transformar a dor em ação”, conclamou.

No mesmo dia, aqui no Rio, na Vila Cruzeiro, mais uma operação policial – “planejada” há meses – terminou com 23 pessoas mortas, a começar pela manicure Gabrielle Cunha, de 41 anos, atingida em casa. Foi no cume dessa montanha que os bandidos, anos atrás, foram mostrados em fuga, em “ação espetacular definitiva”.

O governador Cláudio Castro, bolsonarista de carteirinha, deve ter orgulho do título que ostenta: seu governo é o recordista em ações letais da polícia em nossa cidade. Além do massacre da Vila Cruzeiro, a polícia sob seu comando foi a responsável pela operação no Jacarezinho, que matou 28 pessoas, em maio de 2021. Desde que assumiu, em outubro de 2020, 74 ações das forças de segurança resultaram em 327 civis mortos, aponta artigo da jornalista Flávia Oliveira, no Globo. É bom lembrar que Castro foi vice do cassado Witzel “tiro na cabecinha”. Pelo visto, segue à risca a orientação que aprendeu do antigo chefe. E ainda tem a desfaçatez de dizer: “toda morte é lamentável, mas nossas responsabilidades impõem que estejamos preparados para o confronto”.

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No dia 25 de maio, mesma data em que George Floyd foi brutalmente assassinado por um policial de Nova York, há dois anos, mais um ato de barbárie no Brasil: ação truculenta e covarde de agentes da Polícia Rodoviária Federal causou a morte de Genivaldo de Jesus dos Santos em Umbaúba (Sergipe). Abordado em uma rodovia por estar de moto e não portar capacete, sem reagir e já dominado, Genivaldo, 38 anos, teve pés e mãos amarrados, foi jogado na caçamba da viatura, onde, na sequência, os policiais atiraram bombas de gás lacrimogênio, mantendo o porta-malas fechado.

A polícia eficiente, sabemos todos, tem que ser técnica, seguir protocolos e estar submetida a mecanismos de controle e fiscalização, para não cometer crimes e se igualar àqueles que diz combater.

Política de Segurança séria e responsável impõe inteligência e metas de desarmamento e não força bruta e fuzilaria. As vítimas inocentes – são muitas – são chamadas de “dano colateral”! Isso não é política de Segurança, mas, sim, política de morte.

O problema, no entanto, vem de cima: Bolsonaro, amante das armas, incentiva o livre mercado de fuzis e pistolas e é defensor ferrenho dessa política armamentista que alimenta esse “espírito de milícia” que contamina a estrutura da polícia.

Até quando vamos aguentar isso? Você tem um papel decisivo nos rumos do país e de seu estado. Diga não à matança!

Este é um artigo de Opinião e não reflete, necessariamente, a opinião do DIÁRIO DO RIO.

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6 COMENTÁRIOS

  1. Vms lá Sr. Chico Alencar, parágrafo a parágrafo!

    Nunca ouvi falar desse Sr. na história do país o qual o Sr. cita no início desta resenha. Talvez por pouco interesse e/ou acesso a VERDADEIRA HISTÓRIA DO BRASIL e seus personagens, no entanto eu nunca concordei com essa síndrome de vira-lata que o povo brasileiro tem. Acho que bons exemplos servem de espelho e não de verdade. Este cagou pela boca com tal frase.

    Nos EUA o que aconteceu e vem acontecendo há anos é uma tragédia anunciada. Devido sua política e cultura armamentista. Acho que o termo certo é CONSEQUÊNCIAS, de se armar uma população com fuzil e ter pouco mecanismo de controle sobre ela. Este rapaz que fez a chacina monstruosa comprou 2 fuzis assim que completou 18 anos. Era pra ser vigiado de perto pela a Federal Americana (FBI).
    Aqui, nas terras tupiniquins, há o acesso às armas de guerra por meio do tráfico de drogas e armas, contrabando, corrupção, leniência…enfim pela safadeza. Comparar os dois tiroteios é covardia. Aqui o fuzil vai pra mão do bandido, este que quer afrontar o Estado pelo terror e violência. A operação policial na Vila Cruzeiro comparou-se a guerra devido a revide contundente e violento por parte dos criminosos. Sr. Chico Alencar eles são criminosos que recrutam crianças e adolescentes vulneráveis para o crime. Que invadem a casa de quem trabalha pra fazer de esconderijo. Que ser tiver a oportunidade “mete bala nos canas”. Que saem pra assaltar e se a vítima deixar o carro morrer por pavor eles atiram e nem levam o carro. Eles provocaram aquilo. Eles quiseram a guerra. Eles buscaram a morte. Sobre a manicure morta, o Estado dizer que foi dano colateral é maldade! No entanto amigos da P2 dizerem que ela era velha conhecida da ronda da madrugada. Enfim!

    Sim a ação da PRF criminosa. Tirou a vida de um homem que tinha problemas psicológicos. Falta de técnica e desumanidade. Eles devem ser presos assim como os que mataram o jogador de futebol amador que saiu de Manguinhos para o Borel mas errou o caminho e caiu numa favela rival. São todos criminosos. Mas por favor, não generalize. Bandido morto com um 7.62 mm na mão não pode ser jogado na conta da polícia. Ele queria guerra e encontrou sua consequência.

    Sim, deve haver o combate nas favelas caso não haja a rendição. Mas antes disso acontecer deve haver o enfraquecimento destas facções terroristas, sim terroristas, através da navalha na carne do Estado. Um AK 47 russo não atravessa o Oceano Atlântico sozinho, nem entra num porto/aeroporto pelo saguão de desembarque, não sobe o morro em um trio elétrico anunciando sua chegada. Tem quem compre, quem atravessa quem entrega, quem fecha os olhos, quem receba e quem pague! O combate tem que ser nessa frente também.

    Sobre os personagens políticos citados em vossa resenha, não tenho nem o que declarar. Nem pra mal nem pra bem. Não são meus funcionários, eram pra ser mas aqui em terras tupiniquins político é padrinho, amigo, chegado, peixe, “Coroné”, poderoso, alguns semi-deuses…a velha política que destrói nosso país.

    Sim tenho a oportunidade de mudar com meu voto e farei isso dando àqueles que não estão na política nem na mídia. Sabe, votar sabendo que o candidato não vai entrar? É isso! Um abraço!

  2. Ridículo. Nobre deputado sempre na defesa das causas erradas. Pena que ainda existe gente que defenda a bandidolatria e mantenha seu mandato por décadas.

  3. Chacinas são cabos eleitorais e servem pra marketing dos adeptos da necropolitica.

    Nada tem a ver com segurança pública ou justiça.

    Satisfaz o desejo e ímpeto de toda uma massa bombardeada pela violência como o cidadão do comentário abaixo.

  4. Quanto mais, melhor. Bandido bom é bandido morto! Parabéns ao nosso governador e que venha a sua reeleição!
    O único ponto realmente triste dessa última operação foi a morte de um inocente, coisa que não ocorreu na operação do Jacarezinho

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