É com muita preocupação que temos acompanhado as notícias em torno da possível construção de um enorme edifício residencial em parte do terreno que compõe a Praça Mario Lago, no Centro da cidade.
O nome informal do local, conhecido como “Buraco do Lume”, vem da venda de um terreno de quase 3.000m² de parte de uma área pública pelo antigo Banco do Estado da Guanabara (BEG), mas que nunca foi paga pela parte interessada, o Grupo Lume, hoje extinto. O terreno chegou a ser escavado, mas com a falência da empresa – um dos vários negócios obscuros da época da ditadura – ficou lá anos cercado de tapumes e cheio de água. Daí o apelido dado pela população.
Depois de décadas, o espaço foi urbanizado e ganhou um belo jardim arborizado (exatamente a parte que querem vender). É uma das poucas áreas, senão a única, de respiro verde no Centro do Rio. Além disso, esse terreno é remanescente do desmonte do Morro do Castelo, onde nasceu a cidade, e com os anos se tornou um espaço de convivência social no Centro, local de constantes atos cívicos e manifestações políticas e culturais.
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A praça foi tombada, por sua importância histórica e social. No entanto, a Assembleia Legislativa, no apagar das luzes de 2022, aprovou o seu destombamento. E aí, com uma celeridade pouco vista em empreendimentos semelhantes, surgiu o projeto de construção do residencial.
A Prefeitura deu uma forcinha. Por causa das iniciativas da fase 2 do “Reviver Centro”, acabou decretando uma faixa de gabarito livre na região, justamente – que surpresa! – onde se pretende erguer o prédio, que agora, em tese, poderá ter quantos andares quiserem os donos do empreendimento.
O “Reviver Centro” tem como perspectiva estratégica repovoar o Centro do Rio. Em tese, é uma boa ideia: o que não falta na ampla região central são edificações desabitadas, muitas delas de finalidade comercial, que com retrofit serviriam de habitação.
Poderiam, inclusive, ser classificadas como Habitação de Interesse Social (HIS) e destinadas à moradia de famílias de baixa renda, conforme previsto no conjunto de políticas públicas que visam a garantir esse direito à população desfavorecida.
A Zona Portuária, o entorno da Avenida Francisco Bicalho, e a região da Cidade Nova, no Estácio, são áreas com potencial construtivo em que caberiam arranha-céus, ao contrário da Praça Mario Lago, já coalhada de prédios.
O prefeito Eduardo Paes disse à revista Veja, no ano passado, que não autorizaria espigão algum no local. Este ano, no entanto, passada a eleição, a Prefeitura toda se calou e o projeto vem sendo avaliado em silêncio pela administração municipal. A mudez do alcaide é comprometedora.
O Buraco do Lume – local que abriga a estátua da Marielle e semanalmente recebe nossa prestação de contas do PSOL – é um lugar de resistência, coletividade, memória e cultura. E assim deve permanecer. Lutaremos por isso.
*Chico Alencar é escritor, professor de História e deputado federal eleito pelo PSOL-RJ
Com a construção, o prezado deputado terá que caminhar mais para fazer sua panfletagem. Se não for para construir mais um prédio caixa de fósforos airbnb sou favorável. Os atuais empreendimentos residenciais e retrofits não atendem a necessidade de (re)povoar o Centro, servem apenas para investidores e moradores passageiros. Bairros habitáveis demandam supermercados, escolas, padarias, lavanderias, serviços e também áreas de lazer.
É notório o comprometimento do Prefeito com a construção civil.
Acho lamentavel a ideia de construir mais espigoes na area do conhecido Buraco do Lume. Na minha opiniao, um lugar para uma pausa para se desestressar entre uma jornada de trabalho e outra.
E necessario se pensar em mais arvores no centro da cidade, nao o contrario.
Boa noite deputado! Se sua posição é de ser contra (como se isso fosse alguma novidade) então passei a ser favorável! Que o Prefeito Paes autorize e promova a construção!
Depois n reclame nem do calor nem que n tem lugar pra lazer no Centro
Phoda-se! Eu não ando por ali kkkkkk
Vende logo o Buraco do Lume e ergam um prédio lá. Aquela praça é um lixo, mesmo estando em frente a ALERJ. Foda-se a história e o que houve ali no passado. O Rio tem que olhar pra frente. E se esquerdista é contra então tem mais é que vender e erguer um prédio mesmo….
Concordo, a praça é um lixo, ponto de encontro de cracudos, pivetes e desocupados e a história que o lugar guarda merece ser apagada dos livros pois envergonha qualquer pessoa escorreita!