No início do século passado, imponentes ônibus de dois andares circulavam, cheios de passageiros, pelas ruas do Rio de Janeiro. Em contato com o humor carioca, foram logo apelidados de “Chopes Duplos”, em associação à bebida. Eles eram bem parecidos com os famosos coletivos de Londres, na Inglaterra.
Em outubro de 1927, chegou o carregamento de ônibus de três eixos. De acordo com o site Saudades do Rio “os chassis vinham da Inglaterra e eram equipados com motores a gasolina, de 35cv a 90cv, fornecidos pela também britânica Daimler (que, a essa altura, já não tinha nada a ver com a homônima alemã). Já as carrocerias, de madeira, eram construídas nas oficinas da Light, na antiga Avenida Lauro Müller (ficava entre a Francisco Bicalho e a Praça da Bandeira)”.
“Hoje conhecida pela distribuição de energia, a Light já dominou os sistemas de gás e telefonia da cidade, além de operar os bondes e ônibus elétricos. Não à toa, a companhia fundada em Toronto, em 1899, era chamada de ‘o polvo canadense'”, destaca a Associação Nacional de Transportes Públicos.
A primeira viagem foi realizada no dia 04/11/1927. Foi um passeio para jornalistas e, no dia seguinte, os jornais estampavam informações sobre os veículos. Eram 12 bancos na parte de baixo, uma “elegante escada” (como destacou o O Globo) e 17 assentos, para dois passageiros cada, no segundo andar. O charme do veículo foi destaque. E o fato de ter um extintor de incêndio.
Em 06/04/1928 foram inaugurados oito auto-ônibus de dois pavimentos no tráfego da Rio Branco. Por duas décadas, os Chopes Duplos circularam pela cidade do Rio de Janeiro.
Até que, em 6 de dezembro de 1941, foi anunciado o fim iminente desses ônibus. A extinção completa ocorreu no final da década de 1940. Nesta reta final, estavam restritos às linhas Leopoldina-Arcos e Leopoldina-Clube Naval.
“Seus chassis passaram a vestir carrocerias convencionais e os motores foram convertidos ao gasogênio. Foi a saideira do ‘double-decker’ carioca”, conta o Saudades do Rio.