Pesquisa da Prefeitura do Rio de Janeiro atesta o que todos os moradores da cidade já sabem: a capital fluminense é muito desigual em desenvolvimento socioeconômico, na distribuição de equipamentos culturais e de saúde e na qualidade da educação. O índice de Progresso Social (IPS) avaliou 158 bairros, a partir de variáveis, como: saúde, qualidade de educação básica e superior, meio ambiente, direitos sociais e humanos, acesso à comunicação e tolerância e inclusão. As informações são do RJ2, que teve acesso a acesso ao levantamento.
A Cidade Nova, bairro do Centro do Rio e onde funciona a prefeitura da cidade, amargou a última posição do ranking de progresso social. Já a Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, ocupa o topo da classificação no ranking dos 10 bairros mais bem avaliados, desbancando localidades tradicionais e ricas, como Leblon, Ipanema, Lagoa e Copacabana.
Dos 10 melhores bairros do IPS, 9 estão na área nobre da cidade:
Barra da Tijuca: 79,29
Laranjeiras: 77,47
Lagoa: 77,40
Leblon: 77,26
Flamengo: 77,23
Ipanema: 76,86
Copacabana: 76,69
Jardim Botânico: 75,98
Humaitá: 75,47
Botafogo: 75,14
Os 10 piores são:
Cidade Nova: 50,43
Jacaré: 50,45
Cidade Universitária: 50,89
Grumari: 51,23
Bonsucesso: 52,23
Santo Cristo: 52,85
Cidade de Deus: 53,35
Barros Filho: 53,64
Pedra de Guaratiba: 54,24
Costa Barros: 54,83
A Cidade Nova, apesar de não ser uma favela e não estar localizada na periferia da cidade, tem um histórico de degradação e pobreza. No século XIX, a região já era favelizada e com uma predominância habitacional de cortiços, locais onde se aglomeravam muitas pessoas na luta pela sobrevivência e sem acesso às mínimas condições sanitárias ou de empregabilidade, como explicou o mobilizador social Júnior Perim ao RJ2.
“Ainda antes das favelas, a Cidade Nova era o território dos cortiços do século 19. Portanto, essa realidade se perpetra até o século 21. Aqui, a maior parte das habitações são habitações subnormais e abrigam sempre muito mais que uma família. Aqui é mais que uma expressão de território favelizado. Isso aqui é a a expressão do território atrasado do século 19”, disse Perim ao vículo.
Na penúltima posição está o Jacaré, na Zona Norte da cidade, onde a realidade não é menos desfavorável. Pelo bairro, passa o Rio Jacaré, que é agredido diuturnamente com toneladas de esgoto in natura lançado em suas águas pelas centenas de casas do Complexo de Favelas do Jacarezinho, cujas habitações não têm acesso a água tratada. O mesmo Rio Jacaré fornece, em seu curso, a água que os habitantes da região usam para realizar tarefas, como cozinhar, tomar banho e lavar roupa. Sempre reaproveitando o escasso recurso.
O IPS atestou ainda que o abismo educacional também é gigantesco entre as áreas mais pobres e mais ricas do Rio de Janeiro. Nas centenas de favelas espalhadas pela cidade, apenas 4% dos jovens, entre 18 e 24 anos, tiveram acesso ou concluíram o ensino superior, contra 69% de jovens com o mesmo perfil de bairros da Zona Sul.
As informações são do RJ2, da Rede Globo.